sábado, 27 de fevereiro de 2016

Quatro resoluções para ler mais em 2016

Jillian Capewell 
Jillian.Capewell@huffingtonpost.com
READING
Better, faster, stronger (melhor, mais rápido, mais forte): é a letra de uma música do Kanye West ou como você quer se sentir neste novo ano. É claro que você pode encarar essa empreitada com pessimismo. 1º de janeiro é só mais um dia no calendário, uma oportunidade como 364 outras para definir objetivos nada realistas. Mas as resoluções de ano novo têm um apelo inegável. (Mesmo que elas signifiquem que todas as esteiras da academia estarão ocupadas.) Além de uma carteira mais gorda e um abdome mais magro, muita gente também quer investir no cérebro, seja jogando mais Sudoku ou enfiando a cara num livro.

“Como você encontra tempo para ler?”, me perguntou um colega numa festa de fim de ano, depois de eu contar que tinha lido mais de 50 livros em 2015. É verdade, existem infinitas distrações nos afastando da leitura: amigos, emprego, Netflix, aplicativos de celular. Morar em Nova York aumenta bastante essa lista, mas também é um sonho para os bibliófilos: vários bares aconchegantes, bibliotecas, leituras públicas e livrarias independentes para todos os gostos – sempre termino o dia com um livro a mais na bolsa. Mas não estou aqui para ostentar e sim para te contar como você pode ler mais em 2016 — apesar das maratonas de série. (Ônibus e metrô ajudam muito.)

E não tem problema nenhum se seus objetivos não incluírem livros. Não estamos aqui para humilhar ninguém.

Vamos falar do que você pode fazer para ser um melhor leitor este ano – e não importa se seu objetivo é terminar um livro ou cem.

1. Anote o que você leu

Parte do motivo pelo qual cheguei a 57 livros em 2015 foi a comunidade Goodreads (que, devo mencionar, foi comprada pela Amazon. O site permite que os usuários definam um objetivo de leitura e cataloga tudo o que você leu. Ele até mesmo diz se você está no ritmo para atingir seu objetivo. Transformar a leitura num jogo e enxergar o progresso ao longo do ano dá motivação para continuar no caminho (e, melhor ainda, é uma maneira fácil de lembrar exatamente o que você leu).

2. Faça uma pré-seleção

Pense na imagem de TODOS OS LIVROS! É muito intimidador. Em vez de começar o ano com a esperança de ler “livros”, por que não tentar se concentrar em “ficção científica” ou “livros escritos por mulheres” só para ficar em algumas ideias? (Outras possibilidades: livros traduzidos! Primeiros livros de autores famosos! Não-ficção!) É uma abordagem prática se você já tem o hábito da leitura mas acha que caiu numa rotina – por exemplo, depois de perceber que minha lista de 2015 tinha muitos autores contemporâneos, meu plano é ler pelo menos 12 livros publicados até 1980.

3. Faça da leitura uma atividade social

Se você mora numa cidade de médio porte com uma biblioteca ou uma livraria, são boas as chances de que haja visitas de autores. Embora as visitas de autores famosos sejam mais raras, há muitos outros com públicos mais modestos que fazem turnês. Pesquise um autor que te intrigue e vá vê-lo ao vivo – na pior das hipóteses você saiu de casa e, na melhor, você encontrou um livro novo para levar para casa (e um autor que você vai poder dizer que conheceu lá atrás).

Muito se fala da importância dos amigos quando se trata de fazer exercício. Por que não aplicar a mesma ideia para a leitura? Mesmo que você e seu amigo estejam lendo livros diferentes, em ritmos diferentes, é sempre bom ter alguém para fazer recomendações e dar incentivo. Se ninguém parecer interessado, poste o que estiver lendo no Twitter ou no Instagram. É uma ótima maneira de se forçar a ler, em vez de tentar passar de fase no Candy Crush.

4. Seja realista

Se seu objetivo é ler um livro por semana, não se castigue se você não conseguir terminar tijolos como Graça Infinita ou Os Miseráveis. Isso não significa que você deveria se restringir a novelas. Ler só para se gabar dos números pode te fazer passar batido por detalhes importantes ou perder as nuances da linguagem, sem falar nos vários benefícios comprovados da leitura. Em vez disso, tenha em mente que seu objetivo, assim como sua idade, é apenas um número.

Fonte: BrasilPost

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

"O que leva uma criança a ler é o exemplo", diz Ana Maria Machado

Rodrigo Casarin
Colaboração para o UOL, em São Paulo
  • A escritora Ana Maria Machado, que lança novo livro
    A escritora Ana Maria Machado, que lança novo livro
Um dos maiores nomes da literatura nacional, Ana Maria Machado está com livro novo na praça. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2003, entidade que presidiu entre 2012 e 1013 e onde ocupa a cadeira de número 1, autora de mais de 100 livros infanto-juvenis que já superaram as 20 milhões de cópias vendidas em 17 países e vencedora de prêmios como o Machado de Assis, oferecido pela própria ABL, e o Hans Christian Andersen, a honraria mundial mais importante destinada a autores de obras para crianças e jovens, não há dúvidas de que a senhora de 74 anos tem muito a dizer sobre o universo literário. E é justamente isso que seu novo título, "Ponto de Fuga", comprova.
A obra reúne treze ensaios escritos entre 1988 e 2005, boa parte deles apresentados em eventos literários em diversas partes do mundo. Nos textos, a autora fala de diversos elementos que envolvem o mundo das letras, como o mercado editorial, a formação de leitores e como a escola pode ajudar ou prejudicar no despertar do interesse dos jovens pela literatura. "Se republico, é porque acho que ainda vale. Esses textos são reflexões conscientes e embasadas sobre as questões. Podem mudar ligeiramente em algumas circunstâncias, mas não são para descartar segundo a moda de cada ano", diz a autora em entrevista ao UOL.
No livro, a questão de como se introduzir a arte aos potenciais leitores surge como uma das preocupações primordiais. "Em termos bem simples, estou convencida de que o que leva uma criança a ler, antes de mais nada, é o exemplo. Da mesma forma que ela aprende a escovar os dentes, comer com garfo e faca, vestir-se, calçar sapatos e tantas outras atividades cotidianas", escreve Ana Maria. "Não é natural, é cultural. Entre os povos que comem diretamente com as mãos, não adianta dar garfo e colher aos meninos, se eles nunca viram ninguém utilizá-los. Isso é tão evidente que nem é o caso de insistir. Se nenhum adulto em volta da criança costuma ler, dificilmente vai se formar um leitor", registra ela no texto "Entre Vacas e Gansos: Escola, Leitura e Literatura".

Já em "Muito Prazer: Notas Para uma Erótica da Narrativa", a autora constata: "Se é verdade que tenho encontrado muitos adolescentes e adultos que não têm vocação leitora, nunca se aproximaram de livros ou até alguns que deles se afastaram em certa idade, também é verdade que nunca encontrei uma criança alfabetizada, com pleno acesso a livros e num ambiente leitor sem cobranças, que não gostasse de ler. Pode rejeitar um certo tipo de livro, ou desenvolver preferências que não são as que o adulto escolheria para ela, mas isso não significa que não goste de ler".
Estou convencida de que o que leva uma criança a ler, antes de mais nada, é o exemplo. Se nenhum adulto em volta da criança costuma ler, dificilmente vai se formar um leitor.
Ana Maria Machado, no ensaio "Entre Vacas e Gansos: Escola, Leitura e Literatura", que integra o livro "Ponto de Fuga"
Literatura adulta
Autora de títulos como "Bento que Bento É o Frade", de 1977, seu livro de estreia, "História Meio ao Contrário", vencedor do Jabuti de 1978, "Bisa Bia, Bisa Bel", de 1982, que levou o prêmio de melhor livro juvenil da Fundação Nacional do Livro Infantil Juvenil, e "Menina Bonita do Laço de Fita", uma de suas obras mais reverenciadas, o nome de Ana Maria costuma ser diretamente relacionado ao público jovem. No entanto, sua produção voltada para os adultos também é considerável.

Reprodução
Capa do livro "Ponto de Fuga", de Ana Maria Machado
Em 1983, lançou "Alice e Ulisses", sucedido por uma dezena de outros livros pensados a esse público, para o qual o último trabalho de ficção foi "Um Mapa Todo Seu", lançado no início do ano passado. Questionada sobre o que lhe dá mais prazer, se escrever para crianças e adolescentes ou adultos, ela diz que a comparação acabaria com a graça do ofício. "Para ficar só num exemplo gastronômico, não consigo saber se gosto mais de camarãozinho frito na beira da praia ou jabuticaba recém-tirada do pé", ilustra.
"Escrever para crianças e adultos é diferente, como é diferente conversar com adulto ou com criança. No caso infantil, o prazer é mais próximo da brincadeira. No caso adulto, tem uma densidade mais consciente", explica. "Ambas as atividades são difíceis e apresentam desafios. O universo do leitor infantil tem um repertório menor de acumulação de experiências leitoras que permitam referências intertextuais, então fica mais difícil trabalhar nessa área. Mas justamente por essa dificuldade, traz um desafio mais instigante".
O que anda lendo
"Acho que a literatura brasileira contemporânea vai muito bem, oferecendo uma variedade incrível de leituras atraentes", diz Ana Maria sobre a produção atual, destacando nomes como Bernardo Carvalho, Miltom Hatoum e Cristovão Tezza – a quem generosamente chama de "novos já consagrados" –, mas também elencando outros nomes ao falar de quem vem lhe agradando. "Gente como Daniel Galera, Paulo Scott, Socorro Acioli, Tatiana Salem Levy, Miguel Sanches Neto, Michel Laub, José Luiz Peixoto [este português]… São tantos, tão diferentes entre si. Temos muitos nomes interessantes produzindo coisas muito boas e está até difícil acompanhar".
Falando a respeito de suas últimas leituras, que fez neste verão, conta que está fascinada por "S.", dos norte-americanos J. J. Abrams (diretor de "Star Wars: O Despertar da Força) e Doug Dorst. Também andou lendo policiais de Agatha Christie, "Quarenta Dias", de Maria Valéria Rezende, último vencedor do Prêmio Jabuti, "Um Defeito de Cor", romance de Ana Maria Gonçalves, "Trilhas", de Leonardo Froes, "Diários da Presidência", de Fernando Henrique Cardoso" e "Patrimônio", de Philip Roth, além de fazer releituras de Roland Barthes e Raimundo Faoro.
Lygia Fagundes Telles e o Nobel
Sobre a indicação da colega Lygia Fagundes Telles para concorrer ao Prêmio Nobel de Literatura, Ana Maria é toda elogios. "A Lygia merece tudo de bom. É uma grande autora, das grandes no mundo. Merece muito mais que uma indicação. Merecia já ter ganho. Como outros autores brasileiros também indicados, aliás. Este ano ou há mais tempo. Sei de outras instituições que indicaram outros nomes como Ferreira Gullar, Nélida Piñón, Rubem Fonseca. Ou antes, Drummond, Ariano Suassuna, João Cabral, Jorge Amado", diz.
No entanto, questiona o alarde feito em torno da indicação realizada pela União Brasileira dos Escritores (UBE). "Foi uma grande jogada de marketing da instituição, divulgando por toda parte como se fosse uma premiação. É apenas a indicação de um nome por uma instituição, entre centenas que se enviam todo ano à Academia Sueca. As universidades e associações de classe de todo o país, em várias instâncias, são convidadas a levantar nomes. E elas o fizeram, sendo que este ano a UBE sugeriu a Lygia , como sugerira o Moniz Bandeira anteriormente. Só espero que esse oba-oba em torno do nome dela não a prejudique, porque gostaria muito que ela ganhasse".
E se acredita que há realmente chances do prêmio vir para Lygia? "Não faço a menor ideia do que se passa na cabeça de quem decide isso".
 Fonte: UOL

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Os livros curam

A 'biblioterapia' consiste em conversar com o “paciente”, escutar seus problemas, seus gostos, e recomendar títulos que podem ajudá-lo


‘Menina lendo’ (1850) de Franz Eybl.
    O número caiu em minha cabeça e quase me machuca: o mundo produz um novo livro —um título novo, milhares de exemplares de um título novo— a cada 15 segundos. São mais de dois milhões de títulos por anos; uma tiragem média de 2.000 exemplares vira 4 bilhões de volumes que inundam o planeta todos os anos, árvores caindo em profusão, uma chuva de livros pior que o pior dos dilúvios, um tsunami de livros. Era, com certeza, mais do que o suficiente para me convencer a não escrever nunca mais —e, entretanto.

    Todos caem na armadilha-livro: o livro é uma marca de prestígio. Mesmo sendo tantos, mesmo sendo tão díspares, a categoria livro conserva sua reputação: pensamos livro e pensamos em um objeto respeitável, portador dos saberes que o mundo necessita. As categorias são dissimuladas: pensamos livro e damos a todos o prestígio que alguns poucos merecem. Caímos fácil na tentação de achar que o primeiro Dom Quixote e o último MasterChef têm algo em comum —porque os dois sujam de tinta um bloco de papel unidos pela lombada. E seus fabricantes, não faltava mais nada, aproveitam a confusão: pedem condições especiais, melhoras impositivas, privilégios que o prestígio do objeto livro supostamente justifica. Reivindicam a importância cultural das elucubrações de Mariló Montero e Paulo Coelho, defendem o peso social do Horticultor Autossuficiente e o Manual Prático para Falar com os Mortos.

    Mas existem livros que mudam sua vida. Ou, pelo menos, é isso que dizem os “biblioterapeutas” da School of Life, uma instituição dirigida em Londres pelo filósofo best-seller Alain de Botton. “A vida é muito curta para ler livros ruins”, diz sua apresentação, “o problema é que, com milhares de livros publicados, é difícil saber por onde começar”. Eles querem guiá-lo e, para começar, explicam as vantagens dos livros. Para mim, que nunca soube por que lia ou escrevia, foi uma revelação atrás da outra —ou quase:

    —que ler parece uma perda de tempo, mas na realidade é uma economia enorme, porque apresenta conjuntos de fatos e emoções que você levaria anos, séculos para viver;

    —que ler é entrar em um simulador de vida que o leva a testar sem perigo todo tipo de situações e decidir o que lhe convém mais;

    —que ler produz a magia de mostrar como os demais veem as coisas e então mostra as consequências de suas ações e isso o faz, dizem, ser uma pessoa melhor;

    —que ler o faz sentir menos sozinho porque mostra que outros pensaram as coisas estranhas que você pensa, que souberam colocar em palavras que lhe descrevem ainda melhor do que você mesmo poderia;

    —que ler o prepara para isso que a crueldade do mundo moderno chama “fracassar”, mostrando a falsidade, a banalidade disso que o mundo chama “sucesso”.

    Para isso, dizem, não podemos tratar a leitura como um entretenimento, um passatempo de férias, mas como um instrumento para viver e morrer com mais sentido e sabedoria. Ou seja: uma terapia. A biblioterapia, sua criação, consiste em conversar com o “paciente”, escutar seus problemas, seus gostos, suas experiências de leitura e recomendar-lhe três ou quatro livros que podem ajudá-lo melhor. Cada consulta não custa mais do que 110 euros (383 reais) —uns cinco ou seis livros. Mas ainda não existem estudos sobre sua eficácia; por enquanto sabemos que a biblioterapia já chegou à França —e ameaça cruzar os Pirineus.

    Fonte: El País

    Crônica: Ler nos torna mais felizes

    Os leitores estão mais contentes e satisfeitos que os não leitores, de modo geral são menos agressivos e mais otimistas, diz estudo



    Julio Cortázar, buscando livros em Paris.

    “A leitura nos torna mais felizes e nos ajuda a enfrentar melhor a nossa existência. Os leitores vivem mais contentes e satisfeitos do que os não leitores, e são, em geral, menos agressivos e mais otimistas”. A afirmação é dos responsáveis por uma análise efetuada recentemente pela Universidade de Roma III a partir de entrevistas com 1.100 pessoas. 

    Aplicando índices como o da medição da felicidade de Vennhoven e escalas como a Diener para medir o grau de satisfação com a vida, os pesquisadores chegaram a essas conclusões, que demonstram, como afirma Nuccio Ordine, autor do manifesto A Utilidade do Inútil, que “alimentar o espírito pode ser tão importante quanto alimentar o corpo”. E que precisamos, bem mais do que se imagina, dessas experiências e conhecimentos que não se traduzem em benefícios econômicos.

    Como nos sentimos e quais mudanças experimentamos ao mergulhar em uma história? Há um efeito transformador? Os protagonistas das ficções nos levam a que enxerguemos as nossas contradições e nossos desejos? Fazem com que nos recordemos de coisas essenciais, talvez esquecidas?

    A ciência possui cada vez mais recursos para responder a essas perguntas. Artigos publicados em revistas especializadas expõem resultados de ressonâncias magnéticas que revelam a alta conectividade que se estabelece no sulco central do cérebro, região do motor sensorial primário, e no córtex temporal esquerdo, área associada à linguagem, enquanto lemos um livro e depois de acaba-lo.

    O estresse se reduz e a inteligência emocional sai ganhando, assim como o desenvolvimento psicossocial, o autoconhecimento e o cultivo da empatia, segundo uma equipe de neurocientistas da Universidade de Emory, em Atlanta, que monitoraram as reações de 21 estudantes durante 19 dias seguidos. A leitura pode até mesmo alterar comportamentos por meio da identificação com os protagonistas das histórias lidas, defende Keith Oatley, romancista e professor de Psicologia Cognitiva da Universidade de Toronto.

    “É muito custoso, para nós, colocarmo-nos no lugar do outro no dia a dia, mas quantas vezes já não nos colocamos na pele de um personagem de romance? Criamos uma empatia com ele, e isso nos ajuda a compreender melhor os sinais emitidos pelos outros”, argumenta Antonella Fayer, psicóloga e coach especializada no desenvolvimento de liderança, para quem “as lições sobre dilemas morais e emocionais que encontramos na literatura são necessárias para todas as pessoas, e muito especialmente para líderes e políticos, que estão convencidos de que não têm tempo. Atuam, avaliam e fazem discursos, mas seria conveniente para eles mesmos se conseguissem parar um pouco e fazer leituras para melhorar a sua compreensão dos outros”, assinala Fayer, fazendo uma alusão às palavras de Alan Brew, ex-editor do Financial Times: “Ler os grandes autores faz de você uma pessoa mais bem preparada para tomar decisões criativas, interessantes e educadas”.

    O convencimento quanto aos benefícios gerados pela leitura é o que move a School of Life, um centro londrino de biblioterapia que prescreve livros para ajudar na superação de conflitos (rupturas, disputas...). Como diz o filósofo Santiago Alba Rico, autor de Leer con niños (Ler com crianças), um ensaio que estimula nos pais o prazer de compartilhar histórias com seus filhos, a leitura, como a paixão, é um “vício virtuoso”. Quando conhecemos o bem que ela nos proporciona, não conseguimos deixar de praticá-la. Voltemo-nos, portanto, para a literatura, como convidava Cortázar, “como se vai aos encontros mais essenciais da existência, como se vai ao encontro do amor e às vezes da morte, sabendo que fazem parte de um todo indissolúvel e que um livro começa e termina muito antes e muito depois de sua primeira e de sua última página”.

    Fonte: El País