sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A importância dos livros no ato de aprender e ensinar

João Paulo Vani - Unesp-SJRP
 
Às vésperas de celebrarmos o Dia do Professor, nos tornamos saudosos de nossas lembranças do tempo de colégio. Muitos são capazes de lembrar do nome da primeira professora, dos cenários que compunham o momento de aprender ou até da cartilha das primeiras letras.

É certo que a capacidade de aprender já nasce com cada um de nós e, esse processo natural reflete a necessidade de sobrevivência. Assim, cada ambiente nos obrigará a desenvolver essa ou aquela habilidade, o que acontece também no ambiente escolar, quando acabamos aprendendo melhor aquilo que o nosso professor preferido ensina. Ou será que aquele professor se torna o nosso preferido justamente por ensinar aquilo que gostamos mais?

De acordo com o professor José Moran, docente aposentado da USP, “educar é colaborar para que professores e alunos – nas escolas e organizações – transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional – do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e de trabalho e tornar‐se cidadãos realizados e produtivos”. E para isso, muitas vezes é importante que o professor invista na relação com os alunos em sala de aula.

Uma das questões bastante discutidas nessa relação estabelecida entre professores e alunos é a assimetria que envolve o ambiente de sala de aula. O professor que consegue se aproximar mais de seus alunos, é capaz de conquista-los, fazendo com que haja uma maior disposição do grupo para aquela disciplina. Mas para que isso aconteça, é importante que o professor encontre um ambiente favorável, o que nem sempre existe.

E o livro é, sem dúvida, um importante ator nesse cenário, um dos ingredientes principais dessa mistura entre o aprender e o ensinar. Didático, ou não, romance ou poesia, os livros tornam a vida mais interessante. Os professores são importantes agentes na formação intelectual do indivíduo e são eles que, na maioria das vezes, realizam o papel de incentivar a leitura, de aproximar os alunos dos livros e dos mundos mágicos ali existentes.

E por falar em livros, instrumentos que tanto bem fazem à alma humana e nos permitem correr o mundo sem sair de casa, aqui em nossa cidade eles foram muito bem guardados e protegidos durante as últimas décadas.

A Biblioteca Municipal de São José do Rio Preto, tão frequentada até o início dos anos 1990, quando, sem Internet, a minha geração ainda precisava usar enciclopédias e folhas de papel almaço para os trabalhos escolares, me parecia um lugar mágico. Ao entrar naquele ambiente cheio de mesas amarelas e estantes com livros que pareciam ser infinitos, com a maturidade típica dos 10 anos, sempre me via preso às mesmas perguntas: Por onde começo? Como encontrarei aquilo que preciso? E então sempre vinha alguém em meu socorro.

E foi ali, naquele espaço, que aprendi a admirar e respeitar a figura da bibliotecária, a moça que me ajudava a encontrar o caminho do aprendizado, sem nem imaginar a importância do trabalho realizado por ela para toda a cena cultural de nossa cidade. E mais, sem imaginar que duas décadas depois, seríamos amigos. 

No último dia 1º de outubro, aquela moça se aposentou. O legado deixado pela  bibliotecária da Biblioteca Municipal de São José do Rio Preto, Marciana Lopes, é algo precioso. Marciana foi capaz de pavimentar o caminho para que as pessoas pudessem, cada vez mais, ter acesso aos livros, ao conhecimento, aos sonhos.

Engajada, e de uma nobreza ímpar, conduziu discussões que permitiram que a cultura chegasse mais longe, mesmo a cantos improváveis. E é por isso que, nesse Dia do Professor, agradeço e parabenizo a todos aqueles que foram para as salas de aula e investiram na profissão de ensinar. Aproveito e agradeço especialmente à Marciana, que se dedicou à arte de ensinar tanta gente a aprender.