sábado, 29 de junho de 2013

Analfabetismo funcional: porque eu não li?

Prof. Marcus Garcia 
Professor Marcus Garcia possui formação na área de Educação e Tecnologia da Informação, já escreveu 16 livros, entre eles é autor e organizador da série de livros A Escola No Século XXI.

Interesse pelos livros
Interesse pelos livros

Segundo a ANL (Associação Nacional de Livrarias) o Brasil fechou 2012 com 3481 livrarias em operação das quais 49% estão instaladas nas capitais dos 27 estados e no DF e as 51% restantes nas demais cidades. O Brasil tem aproximadamente 197 milhões de habitantes. Isto significa que há aproximadamente 1,8 livrarias para cada 100 mil habitantes.

Os dados do IDEB (Índice para o Desenvolvimento da Educação Básica) de 2012 divulgados pelo MEC dão conta de 192.676 estabelecimentos de educação básica e que atendem 50.545.050 alunos. Destas escolas apenas cerca de 64 mil possuem biblioteca. Portanto temos 0,8 biblioteca para cada mil alunos.

O déficit de leitura no brasileiro é assustador. O Instituto Pró-Livro realizou em 2011 um estudo no qual foram entrevistadas mais de 5 mil pessoas em 384 municípios brasileiros. Alguns números da pesquisa revelam pistas sobre porque o analfabetismo funcional vem sendo identificado de forma contundente entre alunos concluintes do ensino médio e também superior. É considerada analfabeto funcional aquela pessoa que apesar de conseguir ler as palavras, não consegue entender e consequentemente não consegue interpretar a mensagem de um texto de até 10 linhas com até três parágrafos.

Interesse pela leitura
Interesse pela leitura
A pesquisa revelou que cerca de 50% da população brasileira cultiva o hábito de leitura. Deste percentual a média é de quatro livros lidos por ano. Para comparar com outros países na França a média e de 12 livros lidos por ano, na Espanha 11, nos Estados Unidos 10, na Argentina 6 e no Chile 5 e na Colômbia 2. Na Noruega, maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo, este número impressiona, mas não pela quantidade de livros lidos por ano, cerca de 16, mas pelos 96% população que cultiva o hábito.

O incentivo dado ao estudante para ler e descobrir através dos livros um universo mais amplo do que o próprio livro deveria começar na escola, mas vemos que quase 70% das escolas brasileiras sequer tem uma biblioteca. Isto culmina com a realidade de nosso pífio mercado livreiro quando considerado o potencial e consumo de uma Nação com quase 200 milhões de habitantes.

A mudança dessa realidade passa necessariamente pela conscientização e sensibilização. Para desenvolver-se e crescer a novos patamares intelectuais, culturais e de conhecimento a pessoa precisa necessariamente ampliar seu cabedal de conhecimento. A neurociência já pesquisou e decretou: a capacidade do cérebro humano é muito grande e uma vida inteira de estudo (e leitura) intensivo não seria suficiente para esgotar uma pequena fração de sua capacidade.

Exemplo e incentivo
Exemplo e incentivo

Para cultivar este hábito nas crianças e nos jovens é preciso que a família e a escola façam seu parte. Dando a eles a oportunidade de descobrir a verdadeira magia que há na leitura. Há obras de todos os gêneros para encontrar até o mais cético dos leitores. Um bom começo para despertar o interesse pode ser a contação de histórias, seguida de teatrinho, pesquisa ação, diálogo e interação mediados pelos clássicos da literatura.
Para dizer o mínimo, parafrasearei Mark Twain, escritor e humorista estado-unidense que viveu no século XIX, e escreveu aquele que é considerado o maior romance americano “As Aventuras de Huckleberry Finn”:  "Quem não lê tem pouca vantagem sobre quem não sabe ler."

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