sexta-feira, 20 de abril de 2012

Interiorizar o livro e a leitura no Brasil

"As atuais políticas de incentivo à cadeia do livro têm modificado a realidade leitora"
 
O caixeiro viajante era mais que um vendedor de tudo um pouco pelos lugarejos País afora. Ele levava também estórias, leituras de mundo; e de porta em porta chamava o povo também aos livros. As obras eram restritas a poucos que tinham como opção tomar de empréstimo a amigos ou fazer pedidos através de cartas às editoras.

Se hoje há um pouco mais de facilidade de acesso com as livrarias e bibliotecas existentes, a necessidade de buscar novos leitores não mudou. Não podemos tratar essa questão analisando apenas o fator econômico, mas também o educacional e a desvalorização do ato de ler.

As atuais políticas de incentivo à cadeia do livro têm modificado a realidade leitora. Os gestores estão mais sensibilizados que estas ações não podem ficar restritas aos grandes centros. Tanto que a Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e o Ministério da Cultura (MinC) criaram o Circuito Nacional de Feiras de Livros que estimulará e apoiará tais eventos nos municípios.

Em Maranguape, duas iniciativas do governo municipal se destacam por dinamizar o acervo da Biblioteca Capistrano de Abreu e aproximar a população da leitura. Os livros saem deste ambiente formal e percorrem ruas, indo ao encontro da vida que pulsa em cada esquina até a zona rural. Os espaços da leitura de livros já não se resumem a salas de aula e bibliotecas, podem ser um banco de praça, a sombra de uma árvore.

No “lombo” de motores, os livros são levados aos 17 distritos do município, através do ônibus-biblioteca do “Ensino sobre rodas”, da Secretaria de Educação e do projeto “Literatura Rural”, onde um veículo Rural, sob a organização da Fundação de Turismo, Esporte e Cultura (Fitec), dá destaque à literatura de cordel.

A visita dos projetos mostra que o encanto não se perdeu e a cada nova chegada o entusiasmo é o mesmo. É nessa aproximação, mesmo que rápida, que o despertar pode acontecer: quando se descobre o cheiro do livro, o toque macio das palavras, o sabor das frases juntas, a alquimia que tudo isso junto pode “perigosamente” causar.

No corpo a corpo, entre mediadores e leitores, não basta contar estórias, é preciso transformar, provocá-las a tornarem-se leitoras, a fazer deste encontro com as letras, um ir e vir constante.

Será mesmo que o brasileiro não gosta de ler ou faltam-lhe oportunidades de provar do prazer que só uma boa leitura sem obrigação pode proporcionar?

Luiza Helena Amorim - Luiza.helena.amorim@gmail.com
Jornalista, escritora e conselheira Municipal de Políticas Culturais na área do Livro e Leitura

Fonte: O Povo

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