sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A leitura nas fases iniciais da criança

Matéria publicada em 15/12/2010


Dílson Catarino

"Pensamentos tornam-se ações; ações tornam-se hábitos; hábitos tornam-se nosso caráter e o caráter torna-se nosso destino" Essa frase de Dale Carnegie nos leva a refletir e a chegar à conclusão de que o momento adequado para começar a traçar o destino das crianças é já na primeira infância, ou seja, do nascimento aos três anos, pois é nessa época que se inicia a construção da personalidade e do caráter do indivíduo, e essa construção é que estabelecerá a qualidade de pensamentos que o cidadão terá no decorrer de seu desenvolvimento Isso não se faz apenas com estímulos externos, mas sim com o intelecto ativo, que é a faculdade pela qual as impressões recebidas pelos sentidos tornam-se inteligíveis É nessa idade que se pode despertar o gosto pela leitura, para, posteriormente, transformá-lo em hábito É importante, então, que o adulto que cuida da criança - nessa idade, de preferência, segundo os psicólogos, a mãe, mas, na falta desta, o(a) cuidador(a) - pratique o saber com ela, mas um saber instintivo, não direcionado, ou seja, a criança deve ter vontade de procurar o saber; a curiosidade deve ser a tônica dela Não se deve obrigar a busca do saber, e sim associá-la a um momento de prazer, a uma brincadeira, a algo lúdico

Se quisermos formar adultos leitores, teremos de iniciar o estímulo à leitura nos primórdios da infância, uma vez que o aprendizado da leitura é lento e difícil e cujo hábito é gradativamente adquirido: é indispensável deixar à disposição da criancinha livros de plástico, de tecido, de material sintético ou de papel mesmo, tomando o cuidado para não ser de papel muito fino, com o qual ela pode machucar-se, nem papel que rasgue facilmente, para evitar que se engasgue com pedaços dele Os pequeninos são muito curiosos e têm grande capacidade de observação Um livro cheio de belas ilustrações e cores estimula bastante a criatividade da criança e a habitua a manusear livros desde cedo Na primeira infância, não passará de um brinquedo e como tal deve ser tratado, mas já representa um estímulo à criação do futuro leitor Pode-se também ensinar a folhear revistas e livros à procura de figuras já conhecidas pelo bebê, contar histórias ou passar filmes que contenham personagens da literatura infantil Assim, a criança passa a ter a percepção de que o livro é algo interessante

O MELHOR ESTÍMULO É O EXEMPLO

Já as crianças que estão em idade de alfabetização se interessam muito pela leitura Esse é o momento adequado para incutir nelas o hábito de ler O melhor estímulo que os pais podem oferecer a seus pequenos filhos é o exemplo Crianças que sempre veem seus pais lendo serão jovens mais interessados na leitura que aqueles cujos pais raramente manuseiam livros Os pais podem deixar estrategicamente pequenos livros à disposição de seus filhos e folheá-los de vez em quando, mostrando interesse pelas gravuras e chamando a sua atenção para a beleza delas Podem também transformar livros em presentes esporádicos Para a criança, presente é algo importante; se livro for um presente constante, passará a ser mais importante para ela Aproveitemos, então, a época natalina em que estamos e presenteemos nossos pequeninos - não somente eles - com livros interessantes O respeito aos livros é essencial; ensinar a respeitar os livros também o é Quem aprende a cuidar dos livros desde pequeno, tem uma relação de deferência, de consideração, com as ''coisas'' culturais

Conforme as crianças crescem, maior é a quantidade de livros à disposição no mercado Mais fácil é, portanto, criar o edificante hábito da leitura Cabe aos pais, em primeiro lugar, e aos professores, em segundo plano - mas é igualmente importante o seu papel - a tarefa de formar jovens leitores Hábito é a disposição duradoura adquirida pela repetição frequente de um ato, portanto as crianças de hoje se transformarão em adultos apreciadores da boa leitura amanhã se aprenderem a ter essa disposição O esforço será recompensado mais tarde, pois somente assim o jovem se tornará o sujeito de seu processo pedagógico e educacional Isso auxiliará, posteriormente, nos estudos empreendidos na escola, pois, como disse J A Ruiz em seu livro Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos: ''Quem lê, constrói sua própria ciência; quem não lê, memoriza elementos de um todo que não se atingiu'' Que jovem queremos formar? Um construtor de sua ciência? Ou um mero memorizador de conteúdos?

AÇÃO AUTORREFERENTE

Está em nossas atitudes o destino que nossos pequeninos terão Se nos interessarmos pelo seu desenvolvimento, formaremos cidadãos curiosos e, consequentemente, criadores de seu próprio destino; serão cidadãos ativos na sociedade O interesse nisso não está tão somente no desenvolvimento deles, mas na nossa própria preservação, pois, quanto mais indivíduos interessados em viver com mais qualidade de vida, melhor será a minha própria vida e a de cada um de nós É, portanto, uma ação autorreferente: quero que os jovenzinhos de hoje sejam bons cidadãos no futuro para que eu mesmo tenha uma vida melhor!

Um comentário:

  1. O que fazer com as cças que já deviam estar alfabetizdos e ainda não o está.Ex: cçs de 8,9 anos e não gostam, tem pavor de livros, leitura. o que fazer p criar o hábito da leitura?

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