sábado, 31 de julho de 2010

Sacolas que ensinam e aproximam

Projeto que começa a ser desenvolvido em escolas rurais é um estímulo para famílias se unirem em torno da leitura

Silvana Leão

Sacolas de pano, feitas de tecido reciclado e recheadas de livros, revistas, gibis e de exemplares da Folha de Londrina, é a estratégia de duas escolas rurais de Londrina para aproximar pais e filhos. O projeto, batizado de ''Sacola de Leitura'' foi iniciado na última semana nas escolas municipais Luís Marques Castelo, do Distrito do Espírito Santo, e Francisco Aquino Toledo, do Distrito de São Luís, ambos na Zona Sul.

Vitor Lima: ‘‘Achei legal porque
sentei com minha mãe para ler’’
Os alunos contemplados pela primeira ''visita'' da sacola em suas casas estão empolgados com a ideia. ''Achei legal porque sentei com minha mãe para ler, foi gostoso ficar ali com ela. A gente leu tudo o que foi dentro da sacola'', contou o pequeno Vitor Emanoel Trajano de Lima, de 9 anos, da Escola Luís Marques Castelo. Além do precioso momento desfrutado junto da mãe, ele disse que gostou de poder treinar a leitura, pois sonha com o dia em que será convidado para interpretar passagens da Bíblia na igreja que frequenta com a família. ''Vou querer levar sempre a sacola para casa'', avisou.

Willian José Givigier, 9 anos, da mesma instituição, também viveu uma experiência gratificante. ''Eu sempre levo livros da biblioteca da escola para ler, mas desta vez foi diferente porque eu sentei com meu pai e com a minha mãe para ler. E no final a gente ainda fez um relatório do que mais gostou'', relatou o garoto.

Willian Givigier e Ana Beatriz Terciotti:
experiência gratificante
Já Ana Beatriz Terciotti, que aos 7 anos já sabe que a leitura ''é muito importante'', gostou de ter o pai, a mãe e o irmão para ajudá-la nas pequenas dificuldades ainda enfrentadas para decifrar as letras. Como os demais, ela garantiu que levará o kit para casa sempre que puder.

Termômetro

Segundo o diretor da escola, Rogério Gil Kosteski, foram confeccionadas 24 sacolas, feitas de tecido que já foram as cortinas das salas de aula. A mãe de uma professora se encarregou de confeccioná-las e as educadoras ficaram responsáveis pela decoração das bolsas, que receberam pinturas e colagens. ''Optamos por não padronizar as sacolas, deixando que cada professora imprimisse nelas a sua marca. Isso gera um maior comprometimento com o projeto e estimula maior cuidado'', argumentou o diretor.

Kosteski explicou que além de promover a maior união da família, a iniciativa pretende estimular a participação dos pais no processo de aprendizagem dos filhos, dando-lhe condições de avaliar o seu desenvolvimento na escola. ''Se a criança tem alguma dificuldade de leitura, os pais têm a chance de perceber o problema por contra própria. É uma espécie de termômetro.''

A satisfação das crianças foi sentida também pela comerciária Júlia Kristina Viegas Tosin, mãe de Gabriel, de 6 anos, e de Jéssica, de 10 anos. ''Acima de tudo, foi um momento de união. Foi muito gostoso porque desligamos a TV e cada um leu o que encontrou de mais interessante na sacola. Depois comentamos com os outros o que lemos'', contou Júlia.

Ela revelou que a família faz muita coisa junta, mas nunca pais e filhos tinham se reunido para ler. ''Acho que daqui para frente vamos fazer isso mais vezes. E nem vamos esperar pela próxima sacola'', prometeu, para alegria dos filhos.

Matéria publicada em 27/06/2010

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