sexta-feira, 16 de julho de 2010

A geração Y tem o hábito de ler?


Por Carol Phillips*

Como professora, sou obcecada por ler e escrever. Por isso, dois posts do blog The Next Great Generation me chamaram a atenção recentemente, já que sugerem haver uma indiferença por parte dos jovens que estão na faculdade em relação aos livros e textos tradicionais.

Jeannie: “Conseguindo a atenção da Geração Y” – “Ainda que eu tivesse o dinheiro para comprar todos os livros de que precisava na faculdade, a maioria deles serviu para juntar pó na minha estante. Parte do meu completo desinteresse vem do fato de que, no segundo em que um livro é publicado hoje, já está obsoleto. Desde que eu estava na quinta série, era capaz de acessar qualquer informação na internet de forma mais rápida e precisa do que conseguiria fazer em um livro. Além disso, a informação online é gratuita (e se não for, você vai procurar em outro site até encontrar “de graça”). Com um orçamento restrito e recursos grátis ilimitados, existe algum tipo de livro que poderia atrair meu interesse?”

Katie Wall: “Concluí a faculdade sem ler um livro sequer” – Em maio de 2009 me formei pela Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, considerada uma das melhores universidades públicas do país, e nunca abri um livro sequer. Não estou dizendo que a faculdade não era desafiadora, mas todo o tempo que passei lendo e estudando, nunca precisei dos livros. Quando tinha que fazer trabalhos, conseguia encontrar tudo online….”
Ainda que eu entenda o ponto de vista dessas duas jovens sobre as alternativas online que estão substituindo os livros, me angustia ouvi-las dizendo que não valorizam a leitura.

Trabalho arduamente para fazer com que meus alunos leiam. Tentei diferentes técnicas ao longo dos anos – quizzes diários, cases semanais, testes sobre o material escrito, entre outros. Esse ano, tentei usar um texto compatível com a linguagem da geração Y, MKTG3, by 4LTR Press. Os alunos realmente gostaram do livro, então acabaram lendo.

O que tornou esse livro mais atrativo? Primeiro, posso dizer que ele era muito visual. O texto era geralmente tratado como um elemento gráfico. O estilo da escrita tinha um approach diferente e interessante. Por último, o livro em si possuía apenas o básico, e os extras poderiam ser conferidos online. Os alunos adoraram isso.

Há fortes evidências de que a geração Y ainda tem o hábito de ler. Um estudo feito em abril pela McKinsey na Inglaterra mostrou que, em média, uma pessoa recebe 72 minutos de informação por dia, comparando-se a 60 minutos em 2006. O aumento se deu, prioritariamente, nas informações recebidas pela população abaixo de 35 anos.

Além disso, a leitura pode não ser uma prioridade, mas a geração Y passa mais tempo lendo do que as gerações anteriores. Porém, esses jovens lêem de maneira diferente. Vão em busca de informação, então possuem um propósito e são excelentes examinadores. Meu filho de 16 anos lê poucas histórias de ficção além do que é pedido em seu curso de inglês, mas por outro lado lê livros de esporte ilustrados e busca histórias de assuntos de seu interesse.

Entretanto, tudo isso também pode significar que eles não estão oferecendo toda a atenção à leitura. Em seu livro Grown Up Digital, Don Tapscott conta a história de Joe O’Shea, um líder estudantil de 22 anos residente na Flórida, que estava indo estudar em Oxford. O´Shea disse a seguinte frase a respeito dos livros:

“Eu não leio livros, prefiro ir ao Google, onde posso absorver informações relevantes de forma rápido. Algumas delas vêm dos próprios livros. Mas sentar e ler um livro do começo ao fim não faz sentido para mim. Você precisa saber ser um ‘caçador’ habilidoso.”

Desde o início de seu livro, Tapscott utiliza diversas páginas para descrever como e por que a geração Y desenvolveu essas surpreendentes habilidades de examinar, explicando como essa habilidade trará a eles a referência para que se tornem leitores mais sofisticados.

As habilidades de exame e da leitura com um propósito, presentes na geração Y, podem ser uma boa notícia para o Marketing. Entendendo o tipo de informação buscada por esses jovens, será possível engajá-los de maneira mais profunda por meio do conteúdo. E encontrar o tipo de informação que buscam nunca foi tão fácil. Palavras-chave, trending topics do Twitter e outras ferramentas são portas para um relevante conteúdo.

Talvez o ponto principal seja que a geração Y é capaz de absorver grande quantidade de informação visual de uma só vez, provavelmente mais do que as gerações mais velhas, desde que isso seja apresentado de forma atraente e fácil de digerir. Isso torna o design, muitas vezes, tão ou mais importante que a boa escrita. Em estudos nos quais tivemos a oportunidade de comparar grupos pela idade, é incrível como os jovens consumidores se mobilizam mais de acordo com a maneira que a informação aparece na tela. Os consumidores mais velhos tendem a ignorar o design, mesmo que seja pobre, focando no significado. A geração Y tem grande dificuldade em deixar ileso o que passa por seus olhos.

*Carol Phillips é presidente e fundadora da consultoria em estratégia de marca “Brand Amplitude”. Ela também é professora na respeitada Universidade de Notre Dame. Carol iniciou sua carreira como pesquisadora de mercado e trabalhando com planejamento estratégico na Leo Burnett. Mais tarde, como Diretora de Contas, liderou equipes em quatro agências diferentes – Y&R, Leo Burnett, Mullen e JWT – com uma variedade de clientes incluindo Sprint, Nextel, Ameritech, Heinz, 7UP e Philip Morris. Acesse o blog de Carol Phillips: http://www.millennialmarketing.com/.

17/05/2010 by Blogueiro Convidado

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