quarta-feira, 30 de junho de 2010

A leitura e a escola

Aldenira Silva de Oliveira - Jornalista

Diversas pesquisas têm apontado que são poucos os brasileiros, principalmente os mais jovens, que cultivam o hábito da leitura. Esse fato é atribuído, segundo alguns estudiosos da literatura, à falta de incentivo dos pais e dos professores. Outros admitem que a diminuição do número de leitores deve-se à revolução tecnológica que oferece informações “mastigadas”, e que, pela velocidade como são divulgadas, não permitem interpretações ou maiores reflexões sobre os temas abordados.

Há ainda aqueles que justificam o fato esclarecendo que os brasileiros não gostam de ler porque lhes falta concentração, ou porque acreditam que a mídia televisiva é suficiente fonte de informação para o seu dia-a-dia.

Apesar de toda essa polêmica, entretanto, em um aspecto os estudiosos têm opinião unânime: a mídia, de um modo geral, exerce grande influência na sociedade e é considerada essencial para fortalecer os processos de formação de opinião pública e da prática da cidadania. No entanto, as informações obtidas via eletrônica devem ser aprofundadas por aquelas veiculadas em livros e jornais, ainda por muito tempo insubstituíveis. E, por isso, tema recorrente quando a discussão é a leitura.

Escritores e professores têm estimulado essa discussão. Para eles, é preciso que o brasileiro, desde criança, entenda que a leitura é indispensável para o seu aprimoramento pessoal e profissional.

Na escolaridade, a leitura está veiculada à alfabetização, à decifração de um código escrito. Assim sendo, passa a ser compreendida como um processo que envolve expressões formais e simbólicas que se dão a conhecer através de várias linguagens. Ou seja, aprende-se a ler quando se estabelece uma ligação afetiva entre o sujeito que lê e o texto que o desafia.

Saber ler é, pois, saber o que o texto diz e o que não diz. É tanto decodificar quanto compreender, pois “decodificar sem compreender é inútil; compreender sem decodificar é impossível”. O ato de ler e registrar o que é lido mecanicamente sem que haja criticidade não leva o leitor à geração de novos significados nem à conscientização do que está sendo assimilado. Ler não é simplesmente reter ou memorizar, mas compreender e criticar.

Dessa maneira, à medida que a leitura vai se desenvolvendo, perguntas e respostas vão ocorrendo, simultaneamente, formando um processo criativo, crítico e pessoal, atingindo contextos (político, econômico e social) aos quais o leitor está inserido. É imprescindível, pois, que na fase inicial da leitura, quer de livros, quer de jornais ou de revistas, o leitor conte não só com o apoio dos pais, mas também de professores, educadores de um modo geral.

Assim, partindo-se do pressuposto de que a escola é uma instituição estabelecida pela sociedade moderna para a transmissão da cultura às novas gerações e por meio da qual são trabalhados determinados estímulos que visam ao desenvolvimento de potencialidades, é difícil concebê-la sem leitura. Logo, é dever das instituições de ensino criar um ambiente propício para a formação do leitor brasileiro.

Mas o que as escolas vêm fazendo para facilitar esse processo?

Sabe-se que, atualmente, algumas escolas já incluem em seu programa anual atividades que priorizam a leitura, inclusive de jornais e revistas informativas, por meio de atividades para os alunos e através de palestra-oficina para os seus pais. Essa iniciativa parte do princípio de que para uma criança habituar-se à leitura é preciso ter pais que também gostem de ler.

Acredita-se que, agindo desse modo, será possível desfaze-se a percepção disseminada de que a geração atual não gosta de ler ou não sabe interpretar o que ler.

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