sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Filme: Coração de Tinta: o livro mágico



Coração de Tinta, a meninha Meggie, encantada pelas aventuras que lê nos livros, descobre que seu próprio pai tem um segredo mágico.  Ele consegue dar vida aos personagens das histórias, quando lidas em voz alta.  É uma aventura no mundo mágico da leitura!

Estimulando a leitura

Psicopedagoga Ana Cássia Maturano dá dicas para ocupar as crianças nas férias e, de quebra, formar pequenos leitores.

Mês de férias escolares, período em que a maioria das crianças, se não vai para uma colônia de férias, fica o dia inteiro em casa. Esse tempo ocioso é, quase sempre, gasto diante da TV. Segundo a psicopedagoga Ana Cássia Maturano, os pais poderiam usar o período das férias para criarem o hábito da leitura entre as crianças. “Além de ocupar a criança, o tempo é preenchido com uma atividade que desenvolve o intelecto”, afirma.

Com tantas atividades eletrônicas, opções multimídia de ensino e de divertimento, os livros são cada vez menos requisitados nas horas de lazer pelo público infantil. Contudo, como hábitos também são adquiridos por influência dos pais, as crianças podem aprender a gostar de ler a partir de atitudes simples. “A prática da leitura exige uma atitude ativa, permitindo o exercício da criatividade, da imaginação e da livre interpretação”, explica a especialista.

A psicopedagoga sugere, para fazer da leitura uma atividade prazerosa, que os pais desde cedo presenteiem os filhos com livros e levem os pequenos leitores a bibliotecas ou em eventos como a Bienal do Livro.Um bom começo é o próprio modelo dos pais, demonstrando prazer nessa atividade. Eles podem comentar com os filhos o que leram, buscar informações em material impresso e ler para e com as crianças num momento de prazer.

Ana Cássia explica que nunca a leitura pode ser aplicada como um castigo, para não tomar conotação indesejada, pois a criança pode associar esta atividade à punição. “Isso tolheria qualquer entusiasmo, pois tal prática adquiriria um valor negativo” afirma.

Um tipo de livro para cada idade

A leitura pode e deve ser estimulada na criança desde cedo. “A faixa etária é só um indicador”, ressalta a psicóloga. “Antes de mais nada, é necessário observar o desenvolvimento da criança para perceber o que é mais adequado a ela, pois quanto mais nova, maior deve ser a participação do adulto em atividades envolvendo livros”. Confira as dicas da psicóloga para o estímulo da leitura em cada faixa etária:

Entre um ano e meio e três anos: Nas crianças menores, Ana Cássia sugere incluir entre os brinquedos livros de papelão, plástico ou pano, contendo gravuras que permitirão a criança explorar o ambiente pelo tato e nomear os objetos.

Dos três aos seis anos: Aqui os livros só com imagens e enredos curtos são os mais indicados, já que as crianças utilizam atividades lúdicas no seu impulso de descobrir o mundo real e a linguagem nesta fase. “No material deve haver o predomínio absoluto das imagens, simples e de fácil comunicação visual, retratando histórias comuns relacionadas ao cotidiano da criança, que possam ter algum significado para ela”, explica Ana Cássia. “O enredo deve ser curto, contendo humor e mistério, com repetição dos elementos para a manutenção de sua atenção”. A participação do adulto é essencial, segundo a psicóloga, “enquanto leitor das situações apresentadas, permitindo à criança estabelecer uma conexão entre o mundo real e o mundo da palavra, que nomeia o real”. Ela alerta para a necessidade de o adulto tornar a leitura interessante e incluir a criança como um participante ativo, “fazendo-a interagir com a história por meio de perguntas, por exemplo, ou pedindo que reconte a ´estória´ numa outra situação”.

Dos seis aos oito anos: é nesta idade que a criança inicia o aprendizado formal da escrita. Segundo Ana Cássia, a atividade requer ainda o predomínio da imagem como ferramenta para ajudar a criança a entender o texto. Assim, as situações apresentadas devem ser simples, referir-se ao mundo maravilhoso ou cotidiano, com toques de humor e ter começo, meio e fim. Outra dica, segundo a especialista, é buscar histórias com personagens bem definidos quanto ao caráter, “para evitar que a criança se confunda quanto a esse aspecto”. Para uma melhor compreensão do texto nesta fase, ele deve ser breve, conter palavras de silabas simples, frases em ordem direta e elementos repetitivos. Os temas podem ser variados, mas um elemento sempre atrativo nesta etapa é o da inteligência vencendo a força. “Não se deve perder de vista que o pequeno leitor está se arriscando numa nova aventura, com muitos obstáculos a serem superados”, explica Ana Cássia. “Por essa razão, o incentivo carinhoso e compreensivo do adulto é fundamental nessa descoberta”.

Dos oito aos 10 anos: Nesta fase em que a criança já tem um domínio maior do mecanismo da leitura, Ana Cássia indica livros contendo imagens dentro de uma relação dinâmica entre o verbal e o visual, de modo a ampliar a compreensão do texto. As frases continuam simples, porém devem ser substituídas aos poucos por períodos compostos por coordenação. Com começo, meio e fim, as histórias preferencialmente devem contar com uma situação central, a ser resolvida com toques de humor e situações inesperadas, podendo ser reais ou fantásticas. “Mais uma vez o adulto assume papel importante, não só de incentivador da atividade, mas também no pós-leitura, funcionando como um suporte frente ás dificuldades”, explica a psicóloga.

Dos 10 aos 12 anos: Nesta idade, o leitor já domina o mecanismo da leitura, tem maior capacidade de concentração e abstração e é capaz de compreender o mundo expresso no livro. Os textos podem ser mais densos, maiores, com uma linguagem mais elaborada, sendo as imagens dispensáveis. Ana Cássia ressalta que há, nesta fase, uma grande atração por confronto de idéias, por heróis humanos que lutam por seus ideais, histórias de problemas cotidianos que impedem a realização do indivíduo ou histórias de amor, por elementos desafiadores da inteligência, num contexto realista ou maravilhoso. Há uma farta variedade de literatura para essa faixa de idade. Exemplos são contos, crônicas, novelas de aventuras ou sentimentais, mitos, lendas, ficção científica, policial, documentários, histórias de humor, de raças ou animais. E o adulto, qual função ocupa nessa empreitada? “Aqui o leitor já é um pré-adolescente, alguém que se sente muito forte e portanto dispensa a participação dos adultos, que podem assumir o papel de desafiados desse ser em ebulição”, ressalta a psicóloga.

A partir dos 12 anos: Nesta etapa encontra-se o leitor crítico que, por ter um pensamento mais reflexivo e dominar plenamente a leitura, é capaz de fazer uma reflexão mais profunda do texto a da realidade. O mercado editorial para essa faixa etária é bastante amplo. “Um adolescente que foi estimulado durante sua vida para o exercício da leitura, que freqüentou livrarias e bienais, de uma maneira positiva, não terá dificuldade em saber o que ler, não só por seus interesses, mas por já estar habituado a atividades do gênero”, resume Ana Cássia.

Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga pela USP, especializada em Problemas de Aprendizagem. É co-autora do livro Puericultura – Princípios e Práticas, onde aborda aspectos relacionados a ‘estimulação cultural da criança’.

Fonte: Guia do Bebê

Dicas para estimular o gosto pela leitura nas crianças

Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo

São dicas simples que podem ajudar a formar um leitor desde a mais tenra idade. A leitura deve ser sentida como algo prazeroso, sem nenhum caráter de obrigação.

- Reserve algumas horas por dia para a leitura em família. Faça com que a criança aprecie esse momento, em vez de encará-lo como uma obrigação ou como uma “aula”.
- Freqüente livrarias e bibliotecas com a criança e leve-a para eventos de contadores de histórias ou conte-as você mesmo. Faça disso um programa de lazer.
- Converse com as crianças sobre livros e peça-lhes que comentem a história que acabaram de ler. Isso estimula a formação do pensamento crítico e o desenvolvimento da linguagem.
- Em aniversários de crianças, dê livros de presente.
- Estabeleça horários fixos para computador, videogame e TV. Tente dosar essas atividades com a leitura.
- Gibis e jornais também são essenciais para desenvolver o gosto pela leitura.
- Jogos com palavras e frases também podem estimular o hábito pela leitura.
- Sempre leia em voz alta. Isso faz com que a criança perceba a relação entre a palavra escrita e a falada. Abuse do recurso da entonação para deixar a narrativa mais atraente.
- Repetir a leitura muitas vezes é normal, pois a criança está memorizando e fazendo cada vez mais ligações entre o que ouve o que vê no livro (desenhos, expressões e palavras).
- Ao mostrar um livro a uma criança pequena, pare cada vez que virar a página, e espera a sua reação.
- Ofereça a seu filho material variado de leitura (para se divertir, para aprender, para passar o tempo...): ler não é coisa que se só se faça em livros.
- Ensine a importância de cuidar e conservar os livros, mas não exija que eles fiquem sempre impecáveis, pois isso é sinal de que não foram lidos mostre que um mesmo exemplar pode servir para várias pessoas e incentive a troca de publicações entre as crianças.
- Incentive atividades que exigem leitura, como cozinhar (ler receitas), fazer brinquedos (ler instruções), descobrir coisas curiosas em livros...
- Estabeleça uma noite por semana para leitura (em lugar da TV).
- Deixe bilhetes para seu filho, e peça respostas por escrito.
- Estimule o seu filho a utilizar a biblioteca de sua escola ou, na falta dela, a biblioteca pública de seu bairro. Além dos livros, ele pode encontrar outros amiguinhos que gostem de ler e participar das atividades que as bibliotecas realizam.

Fontes:
- “Passaporte para Leitura”, publicação do Instituto Ecofuturo
- Incentivo à Leitura – Plenarinho (http://www.plenarinho.gov.br/sala_leitura/nossa-biblioteca/incentivo-a-leitura
- Ler é um barato (http://www.colegiosantamaria.com.br/santamaria/aprenda-mais/artigos/ver.asp?artigo_id=13

Leia mais: Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo

Reportagem especial sobre a leitura “E o verbo se fez vida”

A reportagem online foi produzida num formato de livro digital com design de Sidclei Sobral, fotos da agência JC Imagem e ilustrações de Miguel Falcão. Dividido em capítulos, o especial passeia por, pelo menos, três fases e suas diferentes formas de percepção da leitura: a infância, a juventude e a maturidade.

No capítulo 2 “Comunidade Transformadas” está a matéria “Bibliotecas podem mudar a história de comunidades do Recife”, que aborda o estímulo a leitura como uma alternativa para promover o desenvolvimento humano e a transformação social. A matéria traz depoimentos de coordenadores, usuários, voluntária de bibliotecas e da coordenadora programática do Centro de Cultura Luiz Freire, entidade parceira da Rede, Cida Fernandez. Acesse a reportagem especial na íntegra aqui

Confira abaixo trecho de matéria que apresenta o trabalho.

Ler nos faz descortinar novos mundos, participar deles. Caminhar, ver por nós mesmos, descobrir. Não importa quando, onde, por que. Livros são capazes de transformar letras em vida. A reportagem especial E o verbo se fez vida, produzida por Inês Calado para o JC Online (www.jc.com.br), mostra histórias de pequenos leitores que, ainda crianças, descobriram o prazer da leitura.
Traz relatos de gente que nunca teve a oportunidade de aprender o significado das palavras e que hoje luta para compreendê-las. Sem perder a esperança de que um dia irão encontrá-las. O portal disponibiliza versão multimídia com novos textos, vídeos e infográficos. Na web, o internauta também pode compartilhar seus hábitos de leitura participando de enquete baseada em uma pesquisa nacional que traz um dado preocupante: o brasileiro lê apenas um livro por ano, número bem abaixo da média mundial.

Leia aqui a reportagem especial: http://www2.uol.com.br/JC/sites/verbo/index.html
Participe da pesquisa do JC Online sobre hábitos de leitura: http://www2.uol.com.br/JC/sites/verbo/enquete.html

Acesse o blog da Rede de Bibliotecas Comunitárias da Região Metropolitana do Recife: http://rededebibliotecascomunitarias.wordpress.com/

Fonte: Centro de Cultura Luiz Freire

Campanhas incentivam hábito de leitura em Belo Horizonte



Uma pesquisa do Ministério da Cultura aponta que o brasileiro lê, em média, um livro por ano. O índice é considerado baixo para um país que está entre os oito maiores produtores de livros do mundo.

Fonte: MGTV

Ônibus biblioteca em São Paulo - Levando leitura

Bibliotecários de Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, deixam os livros para que as pessoas possam ler enquanto passeiam.

Ponto de Leitura vira biblioteca na zona leste de São Paulo



O local de reunião e encontro de amigos para leitura fica num bairro de Tatuapé. O sucesso do programa foi tão grande, que a comunidade pediu que o local passasse a abrir todos os dias da semana.

Fonte: Antena Paulista

Educar é contar histórias

17/06/2009 Veja

Texto: Claudio de Moura Castro

Bons professores eletrizam seus alunos com narrativas interessantes ou curiosas, carregando nas costas as lições que querem ensinar

De que servem todos os conhecimentos do mundo, se não somos capazes de transmiti-los aos nossos alunos? A ciência e a arte de ensinar são ingredientes críticos no ensino, constituindo-se em processos chamados de pedagogia ou didática. Mas esses nomes ficaram poluídos por ideologias e ruídos semânticos. Perguntemos quem foram os grandes educadores da história. A maioria dos nomes decantados pelos nossos gurus faz apenas "pedagogia de astronauta". Do espaço sideral, apontam seus telescópios para a sala de aula. Pouco enxergam, pouco ensinam que sirva aqui na terra.


Tenho meus candidatos. Chamam-se Jesus Cristo e Walt Disney. Eles pareciam saber que educar é contar histórias. Esse é o verdadeiro ensino contextualizado, que galvaniza o imaginário dos discípulos fazendo-os viver o enredo e prestar atenção às palavras da narrativa. Dentro da história, suavemente, enleiam-se as mensagens. Jesus e seus discípulos mudaram as crenças de meio mundo. Narraram parábolas que culminavam com uma mensagem moral ou de fé. Walt Disney foi o maior contador de histórias do século XX. Inovou em todos os azimutes. Inventou o desenho animado, deu vida às histórias em quadrinhos, fez filmes de aventura e criou os parques temáticos, com seus autômatos e simulações digitais. Em tudo enfiava uma mensagem. Não precisamos concordar com elas (e, aliás, tendemos a não concordar). Mas precisamos aprender as suas técnicas de narrativa.

Há alguns anos, professores americanos de inglês se reuniram para carpir as suas mágoas: apesar dos esplêndidos livros disponíveis, os alunos se recusavam a ler. Poucas semanas depois, foi lançado um dos volumes de Harry Potter, vendendo 9 milhões de exemplares, 24 horas após o lançamento! Se os alunos leem J.K. Rowling e não gostam de outros, é porque estes são chatos. Em um gesto de realismo, muitos professores passaram a usar Harry Potter para ensinar até física. De fato, educar é contar histórias. Bons professores estão sempre eletrizando seus alunos com narrativas interessantes ou curiosas, carregando nas costas as lições que querem ensinar. É preciso ignorar as teorias intergalácticas dos "pedagogos astronautas" e aprender com Jesus, Esopo, Disney, Monteiro Lobato e J.K. Row-ling. Eles é que sabem.

Poucos estudantes absorvem as abstrações, quando apresentadas a sangue-frio: "Seja X a largura de um retângulo...". De fato, não se aprende matemática sem contextualização em exemplos concretos. Mas o professor pode entrar na sala de aula e propor a seus alunos: "Vamos construir um novo quadro-negro. De quantos metros quadrados de compensado precisaremos? E de quantos metros lineares de moldura?". Aí está a narrativa para ensinar áreas e perímetros. Abundante pesquisa mostra que a maioria dos alunos só aprende quando o assunto é contextualizado. Quando falamos em analogias e metáforas, estamos explorando o mesmo filão. Histórias e casos reais ou imaginários podem ser usados na aula. Para quem vê uma equação pela primeira vez, compará-la a uma gangorra pode ser a melhor porta de entrada. Encontrando pela primeira vez a eletricidade, podemos falar de um cano com água. A pressão da coluna de água é a voltagem. O diâmetro do cano ilustra a amperagem, pois em um cano "grosso" flui mais água. Aprendidos esses conceitos básicos, tais analogias podem ser abandonadas.

É preciso garimpar as boas narrativas que permitam empacotar habilmente a mensagem. Um dos maiores absurdos da doutrina pedagógica vigente é mandar o professor "construir sua própria aula", em vez de selecionar as ideias que deram certo alhures. É irrealista e injusto querer que o professor seja um autor como Monteiro Lobato ou J.K. Rowling. É preciso oferecer a ele as melhores ferramentas - até que apareçam outras mais eficazes. Melhor ainda é fornecer isso tudo já articulado e sequenciado. Plágio? Lembremo-nos do que disse Picasso: "O bom artista copia, o grande artista rouba ideias". Se um dos maiores pintores do século XX achava isso, por que os professores não podem copiar? Preparar aulas é buscar as boas narrativas, exemplos e exercícios interessantes, reinterpretando e ajustando (é aí que entra a criatividade). Se "colando" dos melhores materiais disponíveis ele conseguir fazer brilhar os olhinhos de seus alunos, já merecerá todos os aplausos.

Fonte: Veja

Histórias de leitura sem fim

A biblioteca ambulante viaja pelas escolas de Ribeirão Pires: teatro garante boa comunicação.
Foto: Gilvan Barreto
O melhor jeito de formar leitores é deixar as crianças livres para investigar, folhear e escolher o que quiserem
Ricardo Prado novaescola@atleitor.com.br

Vamos conhecer duas histórias felizes de leitura. Nelas, os livros derrubaram preconceitos e antigos mitos pedagógicos. O mais persistente deles sugere ao professor usar textos para treinar encontros consonantais, localizar dígrafos ou preencher fichas de compreensão. Acreditava-se, assim, matar dois coelhos: um chamado análise linguística, outro interpretação. Mas o que estava sendo morto, a golpes de gramática, era o futuro leitor. Graciliano Ramos relata, em Infância, que tomou raiva e desconfiança dos livros justamente por vê-los como obrigação, chatice, caceteação. Se alguém como "o velho Graça" trouxe dos tempos de escola essa péssima lembrança, dá para imaginar o estrago que a obrigação fez em cabeças menos preparadas. Ler naquela época, muitas vezes em voz alta e sob estreita vigilância do mestre, era quase uma sessão de tortura. É claro que muita gente encontrou gosto na prática, apesar da compulsoriedade. Raramente, porém, isso aconteceu graças a ela.


Esse caminho não deu certo. Tanto que no último Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), um exame que envolveu 265 mil estudantes de 32 países no final de 2001, a última colocação dos representantes brasileiros obrigou o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, a ser taxativo: "Nossa escola não sabe ensinar a ler e ponto". O caminho alternativo aponta para a criação do hábito. E isso se consegue deixando que leiam, que digam, que pensem. "Quer coisa mais bonita que uma lombada cheia de marcas? É sinal de que muita gente passou por ali e certamente saiu mais rica", argumentou certa vez a consultora em educação e comunicação Madza Ednir, diante de uma professora inconformada com o mau estado de um volume dos mais disputados de sua escola.

Nossas duas histórias são felizes porque ousaram dar o verdadeiro nome ao ato de ler: emoção. Personagens misteriosos, tramas envolventes, surpresas ao virar páginas, desfechos inesperados, nada disso é um ato qualquer, corriqueiro. O escritor italiano Ítalo Calvino definia esse acontecimento mental poderoso, único, revelador de mundos, da seguinte forma: "Ler é aproximar-se de algo que acaba de ganhar existência".

Houve dificuldades semelhantes nas duas escolas para montar acervos e contrariar hábitos condicionados. Só que em ambas, diferentemente das páginas de algumas histórias, ninguém "foi feliz para sempre" no final. Não por falta de felicidade, mas por falta de final mesmo. O objeto-livro entrou no cotidiano dos alunos e continua lá até hoje. Ao cabo delas, veremos que não precisam, de fato, de um grand finale. E justamente por isso são bem-sucedidas

Vestiu um ônibus de livros e saiu por aí...

Quer criar leitores? Cerque as crianças de livros. Que tropecem neles enquanto andam pela escola, que eles sejam uma presença tão constante que seja impossível ignorá-los. Essa premissa serviu como ponto de partida para Cínzia Ferreira do Amaral, diretora da Escola Municipal Comendador Abdalla Chiedde, em Ribeirão Pires (SP), implantar um estado permanente de leitura na escola, que atende crianças de 4 anos até a 4ª série.

Na entrada, ao lado da secretaria, lugar em geral asséptico e neutro, há um aconchegante espaço com almofadas e estantes baixas onde ficam os volumes relacionados ao tema gerador. O palco, localizado no pátio, é usado freqüentemente para peças que os alunos criam a partir das histórias que lêem. Cada turma tem sua biblioteca de classe, na qual os títulos são trocados periodicamente pela professora, para que se adequem ao tema trabalhado. Isso acontece mesmo em classes que ainda não estão alfabetizadas. "Tenho visto várias crianças que estão conosco desde os 4 anos chegando à 1a série como leitoras já formadas", conta Cínzia, à frente do Abdalla há onze anos. Na sua gestão, ela conseguiu formar uma biblioteca (sim, além das bibliotecas de sala há outra, central) com cerca de três mil volumes. Para isso, recorreu a doações de empresas e principalmente da comunidade, de uma forma simples: pedia um livro para cada mãe que matriculasse seu filho. Contribuição não obrigatória, mas raramente negada. Quando os volumes começaram a se acumular, Cínzia conseguiu com a prefeitura uma bibliotecária emprestada. Os livros foram classificados e as estantes colocadas de forma que pudessem ser alcançadas por leitores com menos de um metro. Uma questão de ponto-de-vista.

Os alunos também podem escolher o que querem ler em casa. "Não é obrigatório, mas nunca vi uma criança que não quisesse levar um livro na sexta-feira", completa Cínzia. Como alguns pais são analfabetos, são eles que escutam as histórias lidas pelos filhos. "Uma escola que tem um projeto de leitura permite a adesão de professores que não têm hábito de ler. Ou essa inversão curiosa de papéis, quando a criança é quem nina a mãe com uma história", comenta Maria José Nóbrega, consultora da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e membro da Associação Brasileira de Leitura.

Desde o ano passado a "obsessão leitora" do Abdalla ganhou uma vertente móvel. Ou melhor, uma estante móvel. Para disseminar essa idéia entre as 16 unidades da rede municipal, a escola empresta regularmente um ônibus da Secretaria de Educação e o transforma em biblioteca ambulante. Pendendo do fio que segura a cortina das janelas, pequenas estantes feitas de pano, velcro e costuradas com plástico transparente exibem os volumes prediletos entre os pequenos leitores. A criançada escolhe os preferidos, separa aqueles que foram transformados em peças de teatro (são os que todos querem ler, logo após a apresentação) e lá vão eles, espalhar o que acabaram de descobrir: que ler é como embarcar em um ônibus e viajar.

Uma escola rural onde se lê todo dia

Vera Lucia Consolini, professora na escola rural José Avelino, em Poços de Caldas (MG), está cercada pela 2ª série. É hora da leitura diária e seus alunos estão sentados no chão, junto dela. A maioria veste camisetas com furos e têm os pés descalços sapato, só para ir à cidade. Mas têm ao alcance livros, autores e edições de primeiro time, como José Paulo Paes, Cecília Meireles, Ana Maria Machado ou clássicos internacionais infanto-juvenis, como As Memórias de Bruxonilda. Amanda de Oliveira, uma das contadoras de história que faz visitas periódicas à escola, lê um volume ilustrado sobre os bichos da fazenda.

A criançada conhece o assunto, e demonstra isso aos berros. Quando Amanda reproduz o som produzido pelo galo, tal como está escrito, é secundada por um coro do canto com que aquelas crianças acordam toda manhã. É um som gutural, mais próximo do verdadeiro do que o dela, universitária, habitante de São Paulo, onde não há mais galos nos quintais. Em compensação, a classe se espanta com uma concha. "Que é isso, tia?", estranham, tão longe estão de conhecer os bichos do oceano.

"Quem aqui conhece o mar?" Ninguém. Mas já o viram pela TV e sabem que as conchas vivem nele. "Nas casas aqui da roça conversa-se muito pouco, quase nada. Toda informação vem da escola ou da TV", comenta a vice-diretora Maria Aparecida Silva Muller.

Passemos para a classe da professora Danusa Ribeiro Neves, que leciona Matemática. Ela está lendo para sua turma da 8ª série uma adaptação juvenil de Romeu e Julieta. Sim, Shakespeare está em sala e os adolescentes parecem muito interessados no desfecho do romance criado há quase quatro séculos. A professora também. "Vou lendo em capítulos, sem saber como termina. Também pensava que nem eles: ah, letra miúda, sem figura, não leio. Mas estou mudando de idéia. Um dia desses, me empolguei tanto com a história que, em vez de ler meus dez minutos diários, ocupei a aula inteira", relata Danusa na reunião entre os professores e os coordenadores do projeto, a Fundação Abrinq e o Centro de Estudos A Cor da Letra.

Na Educação Infantil, a professora Marieta Carneiro dos Santos pede que todos depositem seus exemplares no centro do círculo para prestarem atenção na história que ela vai contar. Enquanto ela se concentra na narrativa, as crianças vão discretamente recuperando seus livros, puxando-os com os dedos dos pés ou agachando-se, um olho na professora e outro no objeto a ser alcançado. Em pouco tempo, todos recuperaram seus volumes e parecem mais interessados neles do que na leitura da professora.

Em vez da aula expositiva, querem a liberdade de passar de um assunto para outro, de uma imagem para outra. Muitos deles já são pequenos leitores, mesmo antes daqueles garranchos pretos chamados letras fazerem algum sentido. "A principal dificuldade em trabalhos desse tipo não é mostrar o que fazer, mas justamente o que não fazer", analisa Cíntia Carvalho, uma das coordenadoras do projeto Biblioteca Viva, da Fundação Abrinq. Parece simples, mas não é. Os professores carregam desde a época em que se sentavam nos bancos escolares o hábito de "fazer alguma atividade com o texto". Ler para a classe e permanecer quieto, aguardando as impressões surgirem, ou deixar que os alunos flanem livremente pelas páginas é desafiar a lógica da leitura como meio para se alcançar alguma coisa e não como um fim em si mesmo.
Na reunião de professores discute-se o que fazer com o "contrabando de títulos" provocado por alguns alunos que não se conformam com o rodízio mensal dos caixotes, contendo 60 exemplares cada. Isso não era justo, pois algumas turmas poderiam ficar com menos volumes que outras; por outro lado, era um bom sinal. Aquela escola nunca havia presenciado crianças disputando um livro...

Tão improvável como ver filhos de agricultores lutando para manter livros por perto é o fato deste projeto ter nascido por iniciativa do proprietário da Fazenda Lambari, onde se localiza a escola. Investindo nela, ele alimenta a esperança de reter sua mão-de-obra, sempre tão fugaz. É costume entre as fazendas de café uma itinerância intensa, que prejudica a produção. Fazendo a ponte entre livros e crianças pouco afeitas a eles, um grupo de mediadores de leitura trabalha com os professores, há três anos, a mesma idéia: quem forma leitores, cria cidadãos. Se sairão muitos deste projeto, ainda é cedo para saber. Mas se não fazê-lo, como sabê-lo?

Quer saber mais?

Escola Municipal José Avelino de Melo, Rodovia Poços-Palmeiral, km 12, CEP: 37700-000, Poços de Caldas, MG, tel. (35) 3715-8072

Escola Municipal Comendador Abdalla Chiedde, R. Aspásia, 334, CEP: 09400-000, Ribeirão Pires, SP, tel. (11) 4828-1755

 Fonte: Revista Escola

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Alma Gêmea - Leitura na infância é tudo

Cristiane Madanêlo de Oliveira
Entrevista concedida ao portal Globo.com em 17/02/2006

Terê descobriu o mundo dos livros e agora não quer mais saber de outra coisa! De Peter Pan aos clássicos de Monteiro Lobato, o pequeno amigo de Serena devora as histórias e se abre para um novo mundo: o da imaginação. Quem acompanha e incentiva o ex-menino de rua no universo das letras é o Seu Elias, que teve um papel crucial nesta guinada cultural na vida do garoto. Segundo a especialista em literatura infantil e juvenil pela UFRJ, Cristiane Madanêlo de Oliveira, tudo o que atua na fase do desenvolvimento da criança é importante na formação de um indivíduo, inclusive a leitura.
O primeiro livro

Apesar de não haver uma idade determinada para um primeiro contato com os livros, já que cada um se desenvolve a amadurece de uma maneira diferente, até com um bebê é possível começar a investir num futuro leitor! Segundo Cristiane, esta é a fase pré-leitora. "Há vários tipos de livros de pano e de banho que podem integrar o grupo de brinquedos da criança desde que ela consegue pegar objetos. Além de associar o lúdico à leitura, o contato natural com o objeto livro já se constrói de maneira natural", explica ela.

O papel dos pais

É claro que, seja qual for a fase da vida de uma criança, a influência dos pais é definitiva na educação seja ela social ou cultural. "Não se pode dizer, entretanto, que pais não-leitores formarão necessariamente filhos que não se interessem pela leitura", alerta a especialista em literatura infantil e juvenil. Segundo ela, pode haver a sedução pelo mundo da leitura em qualquer idade e a formação escolar também tem um papel importante nesse processo. "Dar um livro de presente não significa incentivar a leitura necessariamente", diz Cristiane.

Como incentivar o gosto pela leitura?

Cristiane Madanêlo explica que associar o momento da leitura a um momento de prazer é uma maneira de formar relação positiva com os livros, que é o embrião de um adulto leitor. "Muitas vezes, percebe-se que crianças imitam as atitudes dos pais, seja no desejo de passar batom ou de fazer a barba. O que rege essas atitudes é o desejo de ser parte do mundo que os pais integram. Se a rotina dos pais incluírem a leitura, parecerá para a criança natural e bom o ato de ler", ensina a especialista. E, atenção! Segundo Cristiane, o que vai terminantemente contra o incentivo à leitura é associar o ato de ler como um castigo ou algo que represente algum tipo de punição.

Quem lê X quem não lê

Segundo Cristiane Madanêlo, todas as formas de arte, incluindo a literatura, favorecem que os seres humanos ganhem experiência e se preparem melhor para enfrentar situações reais e frustrações da vida. "Além das exigências de formação cultural variada que o mercado de trabalho vem impondo, um leitor mais efetivo pode-se preparar melhor para enfrentar as adversidades da vida, não só no campo social, mas também nos níveis emocional e psicológico", explica ela, que conclui: "O livro é mesmo um par de asas para voar para mundos desconhecidos e outras realidades. Machado de Assis, de origem humilde, escreveu com mestria sobre vários lugares da Europa, sem ter estado no Velho Mundo".

Entrevista na íntegra

Qual a importância dos livros na infância?

Na verdade, o que realmente é importante na formação de um indivíduo é a infância e tudo que atua nessa fase do desenvolvimento humano, inclusive a literatura. Desde que ascende socialmente a burguesia como classe social, a construção de valores na infância foi priorizada. Afinal, era muito mais fácil incutir ideologias num ser em formação do que ter de mudar um adulto com opiniões já definidas. Sendo assim, criou-se a chamada literatura infantil que, desde sua gênese, esteve atrelada a fins pedagógicos, isto é, a serviço da divulgação dos ideais burgueses. Esse referencial histórico acaba por ratificar a relevância da literatura no comportamento dos indivíduos, sobretudo no que concerne à literatura infantil.

Qual a idade mínima para uma criança começar a ter contato com os livros?

Não há como afirmar uma idade específica para um primeiro contato com livros na infância, pois o amadurecimento de cada indivíduo segue uma sistemática diferenciada. Ainda assim, durante a fase pré-leitora, já se pode investir num futuro leitor. Há vários tipos de livros de pano e de banho que podem integrar o grupo de brinquedos da criança desde que ela consegue pegar objetos. Além de associar a ludicidade à leitura, o contato natural com o objeto livro já se constrói de maneira natural.

Qual o papel dos pais no gosto da criança pela leitura?

A influência dos adultos na formação de uma criança, em todos os aspectos, é de suma importância. Não se pode dizer, entretanto, que pais não-leitores formarão necessariamente filhos que não se interessem pela leitura. Pode haver a sedução pelo mundo da leitura em qualquer idade e a formação escolar também tem um papel importante nesse processo.

Dar um livro de presente não significa incentivar a leitura necessariamente. Assim como acontece com os brinquedos, a criança, e por que não dizer os adultos, desejam compartilhar. Conhecer os livros que fazem parte da realidade infantil e juvenil, além de favorecer o diálogo entre pais e filhos, mostra que a leitura se faz de um momento solitário e de muitos momentos para compartilhar as experiências vivenciadas naquele livro.

O que não se pode fazer é associar o ato de ler como um castigo ou algo que represente algum tipo de punição. Com certeza, relacionar leitura com obrigatoriedade não é um bom caminho para incentivar a leitura.

Quais atitudes dos pais vão incentivar o gosto dos filhos pela leitura?

A descoberta da magia da leitura se dá numa fase em que a ligação entre pais e filhos ainda é muito grande. Por conta disso, o afetivo está intimamente envolvido com esse processo. Se o momento de leitura na infância se associa a momentos de prazer, forma-se uma relação positiva com os livros, que é o embrião de um adulto leitor. Compartilhar leituras é importante para que ler seja associado a um prazer e não a um dever. Muitas vezes, percebe-se que crianças imitam as atitudes dos pais, seja no desejo de passar batom ou de fazer a barba. O que rege essas atitudes é o desejo de ser partícipe do mundo que os pais integram. Se a rotina dos pais incluírem a leitura, parecerá para a criança natural e bomo ato de ler. O interesse dos pais em conhecer e debater sobre os livros representa interesse por aquele mundo da criança. O fenômeno Harry Porter aproveitou esse viés ao criar uma propaganda que incitava uma certa competição entre pais e filhos para saber quem iria ler primeiro o último lançamento da série, mesmo que ele tivesse mais de 300 páginas.

Na idade adulta, como se reflete a diferença entre uma pessoa que leu na infância e uma outra que não teve esta oportunidade?

Todas as formas de arte, incluindo a literatura, favorecem que os seres humanos experienciem e se preparem melhor para enfrentar situações reais e frustrações, se elas efetivamente ocorrerem. O livro Psicanálise nos contos de fadas, de Bruno Betleheim, versa sobre a importância dos contos de fadas no desenvolvimento da psiquê humana. Por exemplo, a simples existência divisão simbólica da figura materna em duas faces - fada e bruxa - trabalha a relação de culpabilidade que uma criança sente diante de uma atitude de raiva diante da interdição da mãe diante de alguma situação.

Além das exigências de formação cultural variada que o mercado de trabalho vem impondo, um leitor mais efetivo pode-se preparar melhor para enfrentar as adversidades da vida, não só no campo social, mas também nos níveis emocional e psicológico. O livro é mesmo um par de asas para voar para mundos desconhecidos e outras realidades. Machado de Assis, de origem humilde, escreveu com mestria sobre vários lugares da Europa, sem ter estado no Velho Mundo.

Qual o tipo de literatura mais adequada para cada faixa etária, até os 12 anos aproximadamente? Por exemplo, para uma criança de 3 anos, o ideal são livros com muitas figuras, textos curtos etc.

Primeira infância (15/17 meses aos 3 anos)

Nessa fase, a criança descobre seu corpo e começa a manipular objetos. É a curiosidade da curiosa idade! Nessa etapa, o livro só pode representar um brinquedo, mas favorece o surgimento de uma relação positiva com o objeto livro. Algumas histórias bem curtas, já podem ser introduzidas por um adulto leitor, mas sempre com o apelo das cores, dos sons. Com a descoberta do filão do público infantil, as editoras investem bastante na criação de livros cada vez mais interativos.

Segunda infância (3 aos 6 anos)

Para essa faixa etária, a linguagem é a grande conquista e o veículo de interação com o mundo e com os outros. Essa é a famosa fase dos porquês, do germe da formação de um senso crítico. Pode-se utilizar livro com textos, mas o predomínio deve ser das imagens, pois a criança ainda não lê. A relação com a leitura pode ser, inclusive, instigada pelo desejo de ter autonomia para decifrar o mundo das letras sem intermédio de um adulto. Muita colaboração na formação dos conceitos de base psíquica pode ser oferecida por contos de fadas, tradicionais ou modernos. Como a brincadeira com as palavras é um atrativo, há várias poesias que trabalham a sonoridade de fonemas, as rimas, as trocas silábicas, os sentidos modificados por essas trocas. Deve-se, também, inserir pequenas estruturas narrativas, mas nada muito complexo ou demorado.

Terceira infância (a partir dos 6 anos até a adolescência)

Momento mágico da aquisição da leitura, sobretudo porque a maioria das sociedades tem base cultural grafocêntrica, isto é, fundamentada na escrita. O processo de escolarização é recomendado para se iniciar nessa faixa etária e essas conquistas extrapolam o mundo mais restrito à casa e à família da criança para ganhar a coletividade. As histórias de aventuras costumam fazer sucesso nos primeiros anos, principalmente porque levam os heróis a conquistas individuais, sem intermédio de familiares, muitas vezes só com valentia e magia. Novas realidades espaciais também têm feito muito sucesso, bem como outros mundos, como é o caso de Neverland (Peter Pan), Hogwarts (Harry Porter), País das Maravilhas (Alice), dentre muitos outros.

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Fonte: http://www.graudez.com.br/litinf/trabalhos/2006-almagemea.htm

Como cultivar o hábito da leitura nos filhos

Publicado 31/08/2006

Josué Ebenézer de Sousa Soares

Ler é uma aprendizagem. Quem não freqüentou esta escola, passa longe dos jornais, revistas e livros, e reclama que tem muito papel espalhado pela casa e pela vida. Sua preocupação com as árvores não é ecológica, mas apenas lógica. A lógica da lei do menor esforço. Meu pai já dizia quando esbarrava com alguém tomado pela preguiça Este aí só quer sombra, água fresca e jornal sem letra... Claro; para não cansar as vistas! A leitura, como aprendizagem, começa cedo e se estende por toda uma vida; não cessando nunca, nem com a morte.

Se ainda não inventaram este personagem, deixa comigo, mas deve haver algum defunto-leitor nas páginas literárias do mundo, que gaste parte de seu tempo ocioso no caixão, a procurar as etiquetas do forro, ou a marca de fábrica na madeira, enquanto o tempo escorre lentamente na ampulheta do além, à semelhança de certa gente que, em vida, não perde tempo para o vazio, fazendo do ócio tempo de leitura, nem que seja de rótulo de sabonete, xampu ou desodorante, para passar o tempo das idas ao banheiro.

Deixando as digressões literárias de lado, vamos concluir que ler é uma questão de dedicação ao fato. Aprende a ler, quem lê. E lê bem, quem lê muito. E aprende a falar e a escrever, quem investiu parte da vida na leitura. O lector medieval não freqüentava escolas, porque escassas eram, mas lia. E lendo, muita gente se fez inteligente. O autodidata tem esta vocação para a leitura, que o torna um ser em transição para aquilo que o novo livro lido fará dele após o tempo gasto em seu exame. Por isso alguém já disse: Somos o que lemos!

Mas como incentivar as novas gerações a amarem a leitura? Como legar aos que nos sucederão na trajetória da vida o gosto pela leitura e, conseqüentemente, pela escrita? Esse é o desafio que pais e educadores enfrentam, mormente nos dias de hoje, quando a televisão, a máquina de fazer doido, se constitui num instrumento de emburrecimento precoce de nossa infância, impondo com sua programação inócua e bizarra - onde a falta de criatividade e a mesmice preenchem as manhãs, tardes e noites de nossa gente -, certa nivelação, por baixo, de nossa intelligentia.

Aprendendo a gostar de ler pelo exemplo
Ninguém nasce gostando de ler, como ninguém nasce gostando de tomar banho, principalmente no inverno. Somos educados para certos hábitos e nos identificamos com certas necessidades que vamos descobrindo ao longo da nossa existência. As famílias precisam investir na leitura, incentivando seus filhos a lerem o máximo que puderem.

Numa casa onde se encontra de tudo, menos alguns exemplares de livros, crianças não encontrarão o ambiente necessário para uma boa formação intelectual. O governo tem criado programas de incentivo à leitura, e até mesmo forjado pacotes literários como se fora uma cesta básica literária para colocar nas mãos das crianças em idade escolar da rede pública.

Tais incentivos esbarram na falta de exemplo dentro do lar. Com certeza, a escassez de livros numa casa será recompensada pela qualidade do interesse de pais que demonstrem gosto pela leitura, e o pouco que tem para ler, o fazem com sofreguidão. Se crianças esbarram com pais que, volta e meia, estão com livros na mão, compulsando-os avidamente, terão seu interesse despertado para saber o que há de tão cativante em tais livros que prendem tanto a atenção de seus pais. (Não resta dúvida que, neste caso, temos um compromisso sério com a qualidade do que lemos.)

Além do mais, desde cedo, pode-se forjar leitores, ao presenteá-los com livros em datas específicas do calendário social: aniversário, dia das crianças, Natal e outros. No lugar de certas quinquilharias que perdem o seu valor rapidamente, o livro como presente, constitui-se um bem durável, que se eterniza na memória do leitor, mas também se materializa na estante de seu proprietário, podendo constituir-se em bênção para tantos quantos a ele tenham acesso.

O exemplo de casa é, portanto, o principal incentivo para que, na tenra infância a criança já comece a ter interesse pela leitura. Investimento que se faça também em leituras coletivas de livros, interpretação de textos e serões semanais para se contar historinhas para as crianças serão de grande valia na formação do background literário de um ser. Para tanto, não há melhor instrumento de aprendizagem da leitura do que o culto doméstico. Neste espaço sagrado da devoção familiar, as crianças aprendem a gostar da leitura da forma mais edificante. A leitura da Bíblia é a porta que abre o caminho dos céus. E me refiro não só aos céus teológicos, mas aos literários, que podem fazer uma criança viajar nas asas da imaginação com as histórias bíblicas de José, Josué, Abraão, Jacó, Daniel e outros personagens bíblicos.

Aspectos práticos de incentivo a leitura
Além das idéias que foram esboçadas nestas primeiras linhas, gostaria de destacar algumas ações práticas que podem ser tomadas no seio da família para despertar o interesse pela leitura em seus membros. Apenas para síntese, concluímos que pelo menos três ações são elementares na formação de novos leitores: 1ª) Dar o exemplo para os mais jovens, sendo um bom consumidor de livros; 2ª) Promover oportunidades de leitura sadia no ambiente familiar, com troca de experiências e informações; 3ª) Presentear os entes queridos com exemplares de livros que possam contribuir para a sua formação moral e intelectual.

A construção de uma boa biblioteca familiar também será um tremendo incentivo à leitura no ambiente da casa. Crianças que aprendem a conviver com os livros desde cedo aprendem a amá-los e reverenciá-los como fonte de cultura e saber. Existe uma relação emblemática entre livro e leitor de modo que o ato de manuseá-lo constitui-se também em experiência táctil, afetiva, espiritual.

Na vida de cada ser existe o livro que gera a sua paixão pela leitura. É o livro gerador do leitor. É o livro que se faz pai, ao conceber idéias e sonhos na mente do leitor que está se descobrindo para o mundo das páginas literárias. Na minha vida, este livro foi A Irresistível Inimiga. Um livro de ação, ambientado em castelos franceses da época renascentista e que me prendeu do início ao fim. Era junior ainda, quando o li, embora fosse um calhamaço enorme. Tenho-o guardado em algum caixa de recordações...

Com o passar do tempo, outros livros e autores foram se aproximando e me conquistando. É interessante destacar também a relação que o leitor passa a ter com certos autores. Dostoievsky, Tolstói, Machado de Assis, José de Alencar, Cecília Meireles, Maiakóvsky, Wittiman, Manuel Bandeira, Jorge Luiz Borges, Gabriel Garcia Marques, Henry Thoreau, Marcel Proust, Hemingway, Mark Twain, Emily Brönte, dentre outros, foram ficando em minha vida na medida em que me iam sendo apresentados pelos seus escritos.

Além disso, cada ser deve ter o seu livro essencial. Ou seja, aquele livro que representa suas idéias, sua formação, seus sonhos e ideais. Para o cristão, a essencialidade deve ser encontrada na Bíblia, livro de cabeceira de quem quer que se pretenda sábio. Outros livros poderão ter espaço vital em nossa vida. Como livros se produzem às toneladas, é fundamental que se saiba escolher o que ler. Ser seletivo na escolha do que ler é o mínimo que se requer de um leitor moderno, para que não se veja metido a ler o que pouco vá acrescentar aos seus interesses espirituais e intelectuais.

A guisa de ilustração pessoal
Sempre gostei de ler. Não sei exatamente como e quando isto começou, mas devo, com certeza, aos meus pais (ele, pastor; ela, professora) este bom hábito. Costumo dizer que sou um amante das palavras, embora não tenha tanta certeza se elas são assim tão apaixonadas por mim.

Como, desde a infância lia - mas só comecei a escrever por volta dos treze anos, o que sempre imaginei tarde -, quis infundir nos meus filhos o gosto pela leitura. Além das vivências acima descritas, queria algo mais objetivo. O que fazer? Pensei, então, em dar um incentivo financeiro para que meu filho Lucas, quando estava com oito anos, lesse um romance. Peguei um romance evangélico, da JUERP (A Riqueza Maior de Jilton Moraes), e entreguei na mão do garoto. Não sei se o problema estava no livro, no método ou no menino, mas o fato é que o projeto gorou.

Não convencido pelo malogro, quando o menor, Murilo, completou os mesmo oito anos, repeti com ele a experiência: O mesmo livro, a mesma oferta. Deu certo. Em uma semana o garoto consumiu o livro.

- Pai, cadê o dinheiro? Já li tudo!

Fiquei boquiaberto!

- Filho, conta pra mim a história... Você gostou da leitura?

E Murilo descreveu o que lera, em detalhes que me surpreenderam. O que me chamou a atenção, não foi sua narrativa dos fatos da história do romance, mas sua interpretação dos acontecimentos, à luz do seu conhecimento bíblico.

Fiquei tentando encontrar uma explicação para a diferença de resultados. O problema ou o acerto não estava no livro, nem no método, mas na ambição. O segundo deixou-se estimular pela recompensa... Isto não quer dizer que a experiência não tenha sido válida. A forma com que ele absorveu o conteúdo, e os resultados que apareceram depois me satisfez. Digo o mesmo com o Lucas. Se ele não leu aquele primeiro, hoje é leitor inveterado.

O fato é que hoje - quando Lucas está preste a fazer 13 anos e Murilo, nove -, me surpreendo com os resultados já obtidos: Ambos estão no plano de leitura da Bíblia toda para este ano de 2005; Lucas está lendo bastante, já leu vários livros e está lendo agora uma série para a faixa etária dele e cobra sempre o dinheiro para trazer o novo exemplar da livraria; Murilo está aventurando-se na poesia.

Sobre este último assunto quero fazer alguns destaques. Tenho me surpreendido com alguns textos do Murilo espalhados pela casa, em papéis que ele usa para extravasar sua poesia latente. Frases como estas me emocionam: Quase todo amor se acaba. / Acaba-se o meu amor por uma menina / Ou outro amor. / Mas, o de Deus, por mim, não acabará! Fico imaginando o que se passa no interior desse meu pequerrucho; seus conceitos de Deus, amor e paixão... Mas, para um pai coruja que também é aficionado por poesia, sabê-lo interessado no tema me é motivo de orgulho.

Foi por isso que me sentei outro dia e pus-me a escrever este soneto, a ele dedicado:

A MUSA VISITANDO MEU FILHO

Meu filho, a Musa que te busca, e te faz escrever,
e faz parar o brinquedo, toda algazarra infante,
e te leva a espalhar, pela casa a todo instante
os papéis onde imprimes o que não podes deter.

É a Musa que acomete e toma conta daquele
que certo dia na vida viu algo além da matéria
e fez viagem nos sonhos de uma pureza etérea
amando um Universo que agora passa a ser dele.

Por isso, filho querido, assim que a Musa chegar
e em sua cabecinha sentir sonho se aninhar
e dentro, no coração, palpitar grande esperança!

Corre ágil para a mesa, toma caneta e papel
escreve logo um poema que anuncie seu céu
e deixe a alma fluir embalada de bonança!

O sucesso na escrita é decorrente do investimento na leitura. Não se constrói uma sociedade sem letras. Como disse Monteiro Lobato: Um país se constrói com homens, idéias e livros. Uma sociedade de iletrados não produzirá boas coisas senão aquelas mesmas decorrentes dos preconceitos e da obtusidade de seus integrantes.

Para concluir
Não é fácil ler em nossos dias. Vivemos a era da imagem. Tudo é imagem. Desde a garota que precisa se produzir para chamar a atenção; até o anúncio de qualquer produto na tevê, no jornal ou revista, no outdoor, tudo é imagem que precisa comunicar rápido. Os adolescentes abreviam palavras e comunicam de forma imprecisa como fez o filho do presidente Lula em janeiro, ao tentar justificar a festa dada para seus amigos adolescentes no Palácio do Planalto.

Numa sociedade apressada como a nossa, convencer nossos filhos à leitura é tarefa árdua, posto que nem mesmo a escola tem cumprido direito este papel. Mas, vale a pena. E o melhor método sempre será o exemplo. Comece em casa. Faça de sua casa uma casa da palavra, ou seja, uma biblioteca familiar. Leia. Leia junto com seu filho. Dê tarefas para ele que incluam a leitura de algo. Mais importante: Nunca esqueça da leitura da Bíblia em seu lar. Ela será a marca registrada de uma fé que precisa ser estendida às gerações vindouras (Dt 6.1-25).

Josué Ebenézer de Sousa Soares

Jornalista, bacharel em Comunicação Social e Teologia. Escritor, poeta e pastor é casado com Katia Cardoso Soares e pai de Lucas (1992), Murilo (1996) e Noemi (2000). Autor das revistas: Vida Cristã Frutífera (4ª ed.) e A Família e os Desafios dos Novos Tempos (3ª ed.). Autor do livro: Vale de Sombras (Poesias) tem vários outros títulos de sua verve poética que serão publicados em breve. É pastor da Igreja Batista do Prado, NOVA FRIBURGO, RJ.


Fonte: Webartigos

O difícil hábito da leitura em nosso país

Por: Leo Durval

Sempre quando escrevo um artigo em relação a nosso país, infelizmente tenho que muitas vezes compor um artigo sobre algo de impertinência. Digo bem isso não por ser apenas um educador ou um escritor. Exemplifico isso por ser um cidadão comum que ama a leitura e ama a cultura brasileira que é múltipla e ampla no sentido antropológico.

Segundo um levantamento, indica aumento dos índices de leitura dos brasileiros acima dos quinze anos e ratifica que o espaço escolar é o que mais induz ao universo letrado. Realmente isso pode ser verdade. Mas, o que está na cultura de nosso país e o habito a não leitura que faz com que a crítica não possa a vir. Como bem sabemos, ler nos faz viajar, nos faz escrever melhor, nos faz muito mais pessoas, nos faz mais ainda mais humanos. Ler é tudo. A leitura nos faz sair da ignorância. Entretanto, o que está impregnado em tudo isso é a falta de interesse dos próprios pais no incentivo a leitura. O exemplo disso é bem claro quando vou a Livraria Cultura daqui de Recife e observo crianças, que sem medo de dizer são seletas. São crianças que estão fora da margem de pobreza. Contudo, é isso que os muitos políticos querem, formar pessoas capazes de não serem críticas.

Fiz uma leitura de um artigo da Folha OnLine, em 2006 que dizia que a leitura no Brasil é uma vergonha. Neste artigo explicitava A aversão dos brasileiros aos livros virou assunto da última edição da influente revista britânica “The Economist”. Para a publicação, a situação precária das bibliotecas públicas e o baixo índice de leitura dos brasileiros constituem “motivo para vergonha nacional”, juntamente com o crime e com as taxas de juros.

Leia abaixo uma tradução do texto “Um país de não-leitores” publicado pela “The Economist”. “Muitos brasileiros não sabem ler. Em 2000, um quarto da população com 15 anos ou mais eram analfabetos funcionais. Muitos simplesmente não querem. Apenas um adulto alfabetizado em cada três lê livros. O brasileiro médio lê 1,8 livros não-acadêmicos por ano –menos da metade do que se lê nos EUA ou na Europa. Em uma pesquisa recente sobre hábitos de leitura, os brasileiros ficaram em 27º em um ranking de 30 países, gastando 5,2 horas por semana com um livro. Os argentinos, vizinhos, ficaram em 18º”.

Neste contexto, quero ressaltar a minha dificuldade em que tive em publicar meu primeiro romance. Foi algo quase frustrante, pois, em meio a tantos esforços e dividas que somei até hoje, as vendas dos livros foram algo insignificante, contudo, não desanimo, sigo em frente, e busco me sobressair visualizando minha utopia na construção de um país mais digno e com pessoas com mais senso crítico e com mais habito a leitura. Em meio a isso, algo de pertinente me faz sorrir, A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, divulgada pelo Instituto Pró-Livro em 2008, mostra que o índice de leitura entre crianças acima de 5 anos cresceu. Segundo o levantamento, a taxa de leitura por pessoa foi de 4,7 livros lidos por ano. Em 2000, foi apenas de 1,8 livro.
O estudo também aponta que a maioria das obras lidas foi indicada pela escola (incluindo os didáticos). Entre os gêneros preferidos pela garotada estão a literatura infantil e a história em quadrinhos. De alguma forma é algo que posso sorrir.

Devemos ser mais precisos, mais críticos, mais audaciosos na construção de um país melhor. Isso parte de nossas casas, incentivando nossos filhos e mais próximos que são o nosso futura. Amem a leitura. Viva a leitura!

Muito obrigado

Perfil do Autor

Acadêmico do Curso de Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e do curso de Filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Membro da cademia Camarajibense de Letras e da União Brasileira dos Escritores (UBE/PE)Autor do romance Epistola de Um Pensador pela Editora LivroPronto, e de cordeis de carater poético e popular.

(Artigonal SC #1450706)

Fonte: http://www.artigonal.com/educacao-artigos/o-dificil-habito-da-leitura-em-nosso-pais-1450706.html

Incentivo à leitura

Escrito por: Patrícia Costa 04/01/2009

Uma pesquisa nacional divulgada em 2008 mostra que o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano. No entanto, temos ainda 77 milhões de não leitores, pessoas que não lêem ou porque o livro é caro ou porque não têm tempo ou, simplesmente, porque não gostam. A Bíblia é o livro mais conhecido pelos brasileiros, e entre os autores mais lidos estão Monteiro Lobato, Paulo Coelho, Jorge Amado e Machado de Assis.

O jornalista Galeno Amorim é diretor do Observatório do Livro e da Leitura, entidade que coordenou a segunda edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, encomendada pelo Instituto Pró-Livro, que abrange um universo de 172 milhões de brasileiros.

Nesta entrevista exclusiva ao site Opinião e Notícia, Amorim afirma que cabe aos pais o principal papel no estímulo à leitura: “A pedagogia do exemplo tem um poder extraordinário.”

Leia abaixo a entrevista completa:

O&N: Que programas de incentivo à leitura o senhor destacaria como eficazes e que realmente mudam a relação do cidadão com o livro e a leitura?

O Brasil tem bons exemplos de ações de fomento à leitura tanto na área pública quanto, principalmente, na sociedade, com iniciativas que partem de escolas, bibliotecas, empresas, instituições sociais e voluntários. Na área pública, um bom exemplo é o programa Arca das Letras, uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário que, em apenas quatro anos, já abriu 6 mil mini-bibliotecas na zona rural em todas as regiões do País. Esses livros estão indo parar em comunidades roceiras, aldeias indígenas, assentamentos de reforma agrária e remanescentes quilombolas. Além dos livros, eles formam agentes multiplicadores de leitura. Tudo isso a um custo baixíssimo. Por onde se vai, há iniciativas que fazem a diferença nos lugares onde elas acontecem. Agora mesmo, por exemplo, a Fundação Palavra Mágica está abrindo de uma vez cem clubes de leitura em Ribeirão Preto (SP), para fazer não só chegar o livro gratuitamente como também criar condições de estímulo e apoio para que leitores correntes e leitores em potencial se apropriem deles. O Brasil, na verdade, é pródigo em bons exemplos nesta área. Talvez ainda não sejam suficientes dadas às complicações decorrentes de 500 anos de ausência de políticas públicas na área.

O&N: As políticas públicas vigentes hoje facilitam o acesso ao livro e aumentam o interesse pela leitura entre as pessoas?

As políticas públicas setoriais estão engatinhando. Na área da educação, com acesso gratuito aos livros aos
estudantes de escolas públicas, elas estão mais avançadas e isso já começa a dar resultados. Prova disso é que os leitores que estão nas escolas lêem duas vezes mais do que os que já saíram dela. Mas ainda falta uma política mais vigorosa para as bibliotecas públicas, tanto as municipais e universitárias quanto as escolares e comunitárias. Um dos passos importantes nesta década foi a criação do primeiro grande marco legal que é a Lei do Livro, de 2003. No ano seguinte, tivemos a desoneração fiscal do livro e, em 2005, o Brasil fez 100 mil atividades de fomento à leitura para celebrar o Ano Ibero-Americano da Leitura, o Vivaleitura. Nesse mesmo ano, criou a Câmara Setorial do Livro e Leitura e o BNDES ProLivro. Uma das medidas mais importantes nesta área, contudo, se deu em 2006, com a criação do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), o primeiro em cinco séculos de história. Já é um começo e ainda temos que avançar muito para assegurar o acesso das pessoas aos livros e à leitura.

O&N: Muitos especialistas afirmam que o hábito da leitura deve começar cedo, e que a família é um bom exemplo. Mas muitos pais das crianças de hoje não têm o hábito de ler. Como reverter esse quadro?

A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” confirma que o papel da família é fundamental no processo de formação dos leitores. A maior parte dos leitores atuais diz que foi a mãe quem mais influenciou e o pai só aparece em terceiro lugar, atrás dos professores. Três em cada quatro crianças respondem isso e o papel da mãe é ainda maior nos estados do Norte e Nordeste. A maioria dos leitores de hoje guarda a lembrança de algum adulto lendo em casa, ao contrário dos não-leitores, cuja maioria não se lembra de outras pessoas lendo quando eram crianças. O mesmo acontece com relação a presentear os filhos com livros ou revistas. Os pais precisam desenvolver o hábito de ler e contar histórias para os filhos ou mesmo fazer com que existam livros espalhados pela casa. Nada mais forte, no entanto, do que eles próprios cultivarem a prática da leitura. A pedagogia do exemplo tem um poder extraordinário.

O&N: Qual é o papel da escola nesse processo de criar o hábito da leitura?

Esse estudo mostrou que a escola é um lugar privilegiado para formar leitores. O fato de os livros fazerem parte do dia-a-dia dos estudantes já produz algum tipo de resultado. Mas é nas escolas onde professores abraçam de uma forma vigorosa e apaixonada a questão da leitura que ocorrem as mudanças mais substanciais. Nesses locais, onde os livros assumem o papel de fio condutor do projeto pedagógico, os resultados são visíveis. Muitas dessas escolas ganharam prêmios e mostram desempenho acima da média nas medições sobre rendimento escolar. Para isso, é fundamental que os professores possam ler e gostem de fazer isso. Isso se consegue com políticas públicas de formação, incentivo e inclusão da questão da leitura e da própria literatura no processo educacional, e não apenas como mera ferramenta de trabalho.

O&N: Temos uma realidade em que os professores só lêem o estritamente necessário. Ou falta dinheiro ou falta tempo para leitura. Como mudar a cabeça de quem educa nossas crianças?

As duas coisas acontecem. E ainda uma terceira, que é o fato de simplesmente não gostarem de ler. Combater esse quadro passa necessariamente pela melhoria dos salários e valorização dos professores. E, sobretudo, com políticas permanentes de formação do professor. Não se muda isso, definitivamente, em um passe de mágica. Infelizmente, nesse caso, milagres não acontecem.

O&N: Na sua opinião, o livro é caro no Brasil?

Há uma questão que deve vir antes desta. Nenhum país desenvolvido do mundo que resolveu antes do Brasil a questão do acesso à leitura se deu ao luxo de enfrentar esse problema colocando a responsabilidade inteiramente nas mãos do mercado. Ao contrário, esses países perceberam acertadamente que o acesso ao livro e à leitura deve ser assegurado de forma gratuita por meio das bibliotecas públicas. Não conseguiremos jamais solucionar o problema do acesso aos livros no País apenas pelo mercado — e não é apenas porque há 3 mil livrarias concentradas em menos de mil municípios, sobretudo no eixo Rio-São Paulo. Há que se ter acesso aos livros gratuitamente e, aí sim, pontos de venda para quem quiser comprar os livros. Junto com as pequenas tiragens, há um outro problema que é o fato de que, historicamente, os editores brasileiros gerarem produtos olhando quase que exclusivamente da classe média para cima. Mas isso começa a mudar e, aos poucos, teremos, antes mesmo de termos mais leitores, produtos adequados para todo tipo de consumidor — que, por ora, ainda são poucos: apenas 36 milhões de pessoas compram livros no Brasil.

O&N: As crianças e jovens de hoje estão conectados na web. Lêem sites de seu interesse, como de música, jogos, animações, escrevem na linguagem web em salas de bate-papo etc. Essa prática estimula a leitura? A leitura virtual é uma possibilidade a ser explorada?

A pesquisa também mostrou que começa a surgir um outro tipo de leitor. Jovens que cada vez mais lêem ouvindo música, crianças que cada vez mais lêem enquanto assistem TV e, ainda, pessoas de todas as idades, inclusive jovens, que estão nas telas. Para quem consegue ter acesso à internet e tem a leitura de textos virtuais como sua predileta, esse tipo de suporte já é o que consegue fazer com que se dedique mais tempo da semana à leitura. Entender essas mudanças em curso, se preparar para elas e, principalmente, refletir sobre eventuais perdas ou necessidade de correções de rota será um desafio dos tempos atuais. Os livros como conhecemos e curtimos — no formato papel — conviverão harmonicamente com os novos formatos que estão surgindo com as novas tecnologias e haverá espaço para todos eles. Em países como o Brasil — onde há 77 milhões de não leitores — ainda precisaremos de muito mais para criar uma geração de cidadãos leitores. Mas, sem dúvidas, chegaremos lá. O rumo parece que está correto. Só precisamos apertar o passo.

Fonte: Opinião e Notícia

O papel da escola no incentivo à leitura

Cristiane Rogerio e Marina Vidigal

Imagine uma escola em que as crianças topam com um livro a toda a hora. Quando querem procurar algo para fazer, lá estão os exemplares, disponíveis. Se é hora de procurar informações, também estão eles lá, como opções. Para incentivar a escrita, contar histórias, eles são as estrelas. E aqui, estamos falando de literatura: uma história que faça o leitor viajar, encontrar com medos, ver suas dúvidas, dar muita risada, descobrir o mundo. E treinar muito, claro, sua capacidade de leitura, de entendimento, de prazer com o livro.

Crianças que convivem em ambientes de leitores e para as quais adultos lêem com freqüência, interessam-se mais pela leitura e desenvolvem-se com maior facilidade nesta área. CRESCER conversou com educadores, pedagogos, críticos de literatura infantil e especialistas em programas de incentivo à leitura e listou aqui o que pode fazer uma escola ser realmente parceira nesta bela empreitada.

Leitura diária

Em muitas escolas, é comum a leitura diária de história, desde o primeiro ano de vida da criança. “Lendo, discutindo trechos da história e chamando a atenção para as ilustrações, favorecemos aspectos fundamentais da leitura, como compreensão de texto, seqüência narrativa, personagens e espaço”, diz Maria de Remédios Ferreira Cardoso, vice-diretora da Educação Infantil da Escola Móbile (São Paulo, SP). Mesmo as crianças já alfabetizadas devem ser expostas a leituras, que, neste caso podem ser compartilhadas em classe e acompanhadas de discussão do texto, dos elementos que o compõem e de análise do enredo.

Oportunidade de manuseio de livros

Para que as crianças adquiram intimidade com os livros, é importante terem oportunidades de tocá-los, sem a intervenção de adultos. Fica tudo no ritmo da criança.

Acervos diversificados

Os livros devem ser diferentes, adequados à idade dos alunos, constantemente atualizados e bem conservados. As visitas à biblioteca devem fazer parte da rotina das crianças e, no local, é importante haver um profissional capaz de orientar os alunos e estimular a leitura de obras adequadas.

Os livros deles

Para as crianças, a possibilidade de levarem para a escola seus livros preferidos é um grande estímulo. Muitas escolas incentivam a prática, lendo em sala os livros dos alunos. Isso fará com que eles com compartilhem com os amigos e, quem sabem, emprestem um para o outro.

Pais como parceiros

As escolas devem chamar os pais como aliados no estímulo à leitura. Podem ser indicações em conversas, via internet ou em reuniões. Ou colocar livros à disposição na escola e convidar os pais a conhecer o acervo.

Visita de autores

Encontros com autores são positivos para as crianças adquirirem maior intimidade com seus livros, histórias e personagens e perceberem que criar histórias é inclusive uma profissão. Mas a escolha precisa ser bem cuidada: de preferência, a escolha deve partir – ou pelo menos ser muito bem aprovada – pelas crianças. Nada de fazer as crianças conhecerem o autor indicado somente porque ele vai lá. O bacana é oferecer, ver o que agrada e contatar as editoras.

Professores leitores e atualizados

Para atuar na formação de novos leitores, ninguém melhor do que professores leitores., nem a contratação de um professor deve ser efetivada caso ele não se revele um leitor ativo. “O trabalho feito por professores não leitores pode prejudicar o vínculo da criança com o livro, pois quem não garimpa livros antes da indicação e da adoção, nem sempre vai escolher títulos realmente capazes de sensibilizar os alunos”, diz Sueli Cagneti, professora de Literatura Infantil e Juvenil da Universidade da Região de Joinville (SC). Elizabeth Serra, pedagoga e Secretária Geral da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, concorda e acredita que a escola deve promover grupos de leitura entre professores, como parte de um projeto de formação continuada.

Leituras obrigatórias

As leituras obrigatórias parecem ser um recurso inevitável, já que as crianças precisam vivenciar determinadas experiências literárias ao longo da vida escolar. A escola deve procurar, no entanto, fazer dessas leituras algo prazeroso para a criança. A leitura obrigatória pode ser um bom instrumento pedagógico, permitindo que as crianças apresentem seus pontos de vista, diferentes interpretações e opiniões. “Na escola Grão de Chão, utilizamos, por exemplo, uma ficha de avaliação em que a criança diz se adorou, gostou ou não gostou da leitura. Com isso, ela aprende que um texto chato para um, pode ser divertido aos olhos de outro”, afirma Paula Ruggiero, Coordenadora Pedagógica da escola.

Quando for hora de apresentar os clássicos da literatura brasileira e mundial, o empenho em “conquistar” este novo leitor deve continuar.

“Por apresentarem uma linguagem elaborada e tratarem de assuntos por vezes complexos, os clássicos precisam ser mais trabalhados em sala, fazendo trocas de opinião, predição sobre acontecimentos, explicações paralelas sobre fatores históricos, maneiras de pensar da época, por exemplo”, afirma, Maria Cecilia Materon Botelho, diretora pedagógica da SEE-SAW/Panamby Bilingual School.

Nada de mensagens obrigatórias

Livro não tem uma única interpretação, uma mensagem absoluta, muito menos obrigatória de a criança encontrar, ler nas entrelinhas. “Mais do que apreender o conteúdo de uma história, um poema ou uma ilustração, a criança deve se apropriar das estratégias de aproximação com os textos e com a literatura”, diz Peter O’ Sagae, leitor crítico e editor do site Dobras da Leitura.

Fonte: Revista Crescer

Como orientar os alunos com dificuldades na leitura

A dificuldade em realizar a leitura é tida como um dos maiores obstáculos enfrentados pelos alunos. Preocupados com essa questão, vários educadores estão em busca de o melhor caminho a seguir, contribuindo para um melhor desenvolvimento da leitura.

Segundo pesquisas, as escolas estaduais apresentam maior índice em relação à dificuldade com a leitura, porém, vale ressaltar que acontece em todas as instituições de ensino independente do segmento (público ou particular).
É de suma importância para lidar com esta situação, enquanto educadores, ter a consciência de que as dificuldades apresentadas na leitura estão intensamente ligadas ao desenvolvimento das habilidades na escrita provenientes de alterações ou erros de sintaxe, estruturação, organização de parágrafos, pontuação, bem como todos os elementos necessários para a composição do texto.

Partindo desse pressuposto, segue algumas sugestões de estratégias a serem aplicadas de forma que venha facilitar o desempenho no processo de leitura que os alunos apresentam em sala de aula:

• Procure fazer um momento de divisão para leitura, sendo que durante a aula metade do tempo seja dedicado à leitura prazerosa, onde cada um lê o que é de seu interesse, e a outra parte seja voltada para a prática da leitura voltada para o desenvolvimento de conteúdos;

• A escola pode promover campanhas de incentivo à leitura, estimulando os alunos a lerem. Por exemplo: gibis como forma de leitura e entretenimento;

• Trabalhar na análise e decomposição de frases escolhendo palavras segmentando-as em sílabas e fonemas, intervindo na memória, passando de memorização à memória de longo prazo. Vale ressaltar que não deve ser realizada de forma mecânica ou descontextualizada, por exemplo, f e v são vagos quando isolados, mas quando proposto em palavras (faca ou vaca) já permitem um maior entendimento, o que facilita a aprendizagem;

Segundo Duke e Pearson (2002) existem seis tipos de estratégias de leitura consideradas relevantes, baseadas em pesquisas tidas como auxiliares no processo de leitura. São as seguintes:

• Predição: trata-se de antecipar, prever fatos ou conteúdos do texto, utilizando o conhecimento existente para facilitar a compreensão.

• Pensar em voz alta: o leitor verbaliza seu pensamento enquanto lê.

• Estrutura do texto: analisar a estrutura do texto, auxiliando os alunos a aprenderem a usar as características dos textos, como cenário, problema, meta, ação, resultados, resolução e tema, como um procedimento auxiliar para compreensão e recordação do conteúdo lido.

• Representação visual do texto: auxilia leitores a entenderem, organizarem e lembrarem algumas das muitas palavras lidas quando formam uma imagem mental do conteúdo.

• Resumo: tal atividade facilita a compreensão global do texto, pois implica na seleção e destaque das informações mais relevantes contidas no texto.

• Questionamento: auxilia no entendimento do conteúdo da leitura, uma vez que permite ao leitor refletir sobre o mesmo. Pesquisas indicam também que a compreensão global da leitura é melhor quando alunos aprendem a elaborar questões sobre o texto.

Vale ressaltar que, tanto no desenvolvimento da leitura quanto da escrita, pais e professores são mediadores indispensáveis no processo de aprendizagem, prevenindo e intermediando através da correção quando necessária e com cautela.
Por Elen Campos Caiado
Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Fonte: Canal do Educador - Brasil Escola

O melhor exemplo é o dos pais

Fátima Guimarães
26 Out 2006

O estímulo à leitura deve começar cedo e incentivado sempre pela família e a escola. Na Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, O POVO falou com especialistas em educação que alertam que o melhor exemplo deve partir de dentro de casa

Contar e ler histórias, presentear com livros, freqüentar espaços de leitura. São estratégias importantes na formação do leitor. E quanto mais cedo a criança for apresentada ao "mundo " dos livros, melhor. A escolha deve levar em consideração a faixa etária e para os pequenos são recomendados livros coloridos e com narrativas curtas.

Mas como incentivar o hábito da leitura? Para a autora do livro Cultivando um bom leitor desde o berço, Diane McGuinness, o melhor predicado é o desenvolvimento das habilidades da linguagem desde os primeiros cinco anos de vida. A especialista em psicopedagogia e arte-educação, Tâmara Bezerra, diz que primeiro é preciso aproximar a criança dos livros desde cedo para que se familiarize com as narrativas. "É importante apresentar a leitura como atividade prazerosa". Para os pequenos, são recomendados narrativas curtas e livros coloridos. Ela lembra que pode se contar que se tem na memória e ao ler histórias, apresentar o livro como sendo parte dessa história.

Para a psicopedagoga Cristina Rocha, a introdução à leitura pode partir da contação de história e estimular sempre à medida que a criança for crescendo. Nas livrarias existem títulos para todas as idades e a escolha deve obedecer a esse critério para que não perca o interesse pela leitura. "Não podemos trabalhar a leitura como obrigação, mas como prazer, de forma lúdica". Ela observa que além da leitura, pode-se estimular a dramatização, que a criança interprete o que leu.

Mestre em educação e doutor em sociologia, Luis Eduardo Távora Furtado Ribeiro, lembra que quanto mais cedo iniciar o gosto pela leitura, melhor. Ele, que é diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, ressalta que importante os pais lerem para as crianças, falar sobre boa leitura, apresentar reportagens interessantes. Segundo ele, isso também ajuda a aproximar os adultos da leitura. Luis ressalta que os benefícios de quem ler são muitos: "É bom para a espiritualidade, amplia os conhecimentos em todos os aspectos".

Mas se os pais querem que seus filhos sejam leitores, os especialistas em educação lembram que o exemplo deve partir deles. "Nada como o exemplo dentro de casa", alerta Cristina Bezerra. Os pais e a escola representam papel fundamental no processo de desenvolvimento da linguagem e no hábito de leitura. Formar o hábito de ler na adolescência é mais difícil, mas não impossível. Por isso, Tâmara Bezerra observa que a contação de história deve ser diariamente e em todas as faixas etárias. "Precisamos acabar com o mito que contar história é coisa para criança".

Serviço:
Livro: Cultivando um leitor desde o berço
Autora: Diane McGuinnes
Editora Record
Total de páginas: 320
Preço médio: R$ 37,90

COMO INCENTIVAR A LEITURA

- A introdução à leitura pode ser iniciada com a contação de história seja na hora de dormir, durante uma viagem.

- Na hora de contar histórias para os pequenos, devem ser escolhidas as narrativas curtas. Se for presentear, escolha os livros coloridos

- Para os bebês, tem livros de tecidos, plásticos que podem ser manuseados sem problema

- Os pais podem apresentar a leitura a partir do momento que a criança comece a falar

- É importante presentear com livros. A escolha deve ser feita com base na idade da criança.

- Os pais devem dar o exemplo, adquirindo bons livros, revistas, jornais e disponibilizando para todos de casa

- A família e a escola têm papel importante na formação do gosto pela leitura

- Estimule a leitura e depois peça para a criança contar a história, dramatizar, desenhar

- A tecnologia é importante, mas não deve substituir o prazer da leitura. Por isso, estabeleça horários para que a criança fique no computador, na televisão ou no vídeo game.

- Na ida ao shopping, aproveite para passar nas livrarias. Também é recomendado levar os filhos para bancas de revistas

- Se o hábito não for adquirido na infância, mais difícil será na adolescência. Porém, não é impossível

- Os pais devem apresentar diversos tipos de textos literários como crônicas, contos, cordel, poesia

- A leitura traz inúmeros benefícios como prazer espiritual, amplia os conhecimentos

Fonte: Psicopedagoga Cristina Rocha, Luis Távora Furtado Ribeiro, mestre em educação e doutor em sociologia, Tâmara Bezerra, especialista em psicopedagogia e em arte-educação

Fonte: jornal O POVO

Ações de incentivo à leitura crescem no país

Fábio Takahashi e Fernanda Calgaro da Folha de S.Paulo 17/04/2007

Na tentativa de reverter o baixo interesse dos brasileiros pelos livros --fato apontado em pesquisas do setor--, iniciativas tanto públicas quanto privadas de incentivo à leitura se multiplicam pelo país.
O movimento pode ser medido pelo número de ações cadastradas no Plano Nacional do Livro e Leitura, articulado pela União, mas que possui a participação dos Estados e municípios e da sociedade civil.
Lançado em março de 2006, o programa praticamente dobrou o número de iniciativas cadastradas em um ano, de 162 para 306. Há outras cem ações ainda sob análise da coordenação do plano.
Além disso, o prêmio VivaLeitura (promovido pelo governo federal e pela Organização dos Estados Ibero-Americanos, patrocinado e realizado pela Fundação Santillana) recebeu 3.031 projetos em 2006, que estão sendo sistematizados e também poderão ser incluídos no plano nacional.

As diversas ações visam reverter a atual situação da leitura no país: o brasileiro lê, em média, 1,8 livro por ano, segundo pesquisa da Câmara Brasileira do Livro e de entidades ligadas a editores. Na França, o índice é de 7, e na Colômbia, de 2,4. Além disso, cerca de 10% das cidades do país não têm bibliotecas públicas.

O Plano Nacional do Livro e Leitura visa integrar ações que vão desde o programa da União de distribuição de livros didáticos para o ensino básico, que consome R$ 571 milhões, até projetos não-governamentais como o do Instituto Ecofuturo ("Ler é Preciso"), que premia crianças e jovens em concursos de redação, além de doar bibliotecas comunitárias.

No total, o plano deverá contar neste ano com mais de R$ 800 milhões. Só as ações da iniciativa privada movimentarão R$ 38 milhões. "Existem muitas iniciativas de incentivo à leitura no país, mas elas estavam desarticuladas, o que causa uma perda de recursos financeiros e humanos", afirma José Castilho Marques Neto, secretário-executivo do plano.
Apesar do crescimento no número de ações, Marques admite que o número é insuficiente. Para ele, a situação será satisfatória quando chegar a mil iniciativas cadastradas.
Além de melhorar a articulação entre as ações, o projeto permitirá a identificação das áreas onde não há programa de incentivo à leitura, que terão de ser prioritariamente atendidas em projetos futuros.

As ações
Algumas das iniciativas adotadas no plano são os prêmios que incentivam a leitura. O do Instituto Ecofuturo, por exemplo, distribui livros e computadores para os 60 finalistas, além de instalar uma biblioteca comunitária num local indicado pelos premiados.

Na edição 2005-2006, houve 21 mil redações inscritas. A expectativa para este ano é receber 50 mil textos. "É fundamental criar condições para que as pessoas compreendam o que lêem e consigam se expressar", diz Christine Fontelles, diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo.

Outra iniciativa grande é o Prêmio Vivaleitura. O objetivo é estimular e reconhecer as melhores ações relacionadas à leitura no país. Na sua primeira edição, no ano passado, o vencedor de cada uma das três categorias recebeu R$ 25 mil.

Fonte: Folha on-line

Leitura para toda a escola

Ler todos os dias foi a chave para alfabetizar e formar uma comunidade "louca por livros"

Paula Nadal gestao@atleitor.com.br

Em dezembro de 2005, quando Cláudia Zuppini Dal Corso e Silvana Aparecida Santana Tamassia foram chamadas para assumir o comando da EMEIEF Cata Preta, no município de Santo André, na Grande São Paulo, a situação era desanimadora. Setenta alunos tinham sido reprovados e 58,7% dos matriculados chegavam ao último ano do primeiro ciclo sem estarem alfabetizados. Para piorar, no fim de 2006 foi divulgado o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da escola: apenas 3,9, ante à média da rede municipal de 4,8. Ambas já haviam trabalhado juntas em 2003 na EMEIEF Jardim das Maravilhas, também em Santo André, e, por formarem uma boa dupla de gestão, foram convidadas a resolver os problemas da Cata Preta. Hoje, por decisão da comunidade, a escola chama-se Carolina Maria de Jesus, nome de uma escritora que morava numa favela e cuja história se assemelha à dos moradores da região.


Assim que tomaram posse, as gestoras estabeleceram como meta alfabetizar todos os alunos de até 8 anos de idade e melhorar a linguagem escrita dos 1,2 mil estudantes com a implementação de um grande projeto de incentivo à leitura, o Programa Lendo e Aprendendo. Em meados de 2007, as duas receberam um reforço na equipe, o da assistente pedagógica Gilne Gardesani Fernandez, que contribuiu para melhorar ainda mais os resultados que já apareciam. Toda a comunidade foi envolvida: professores, funcionários, alunos e pais passaram a ter momentos diários de leitura e a escola ganhou novos espaços dedicados aos livros. Com o apoio da Secretaria Municipal de Educação e graças a uma parceria com a pasta de Cultura, Esporte e Lazer, a equipe investiu na formação dos professores. As atividades foram sistematizadas: diretora e coordenadora pedagógica montaram tabelas com as avaliações dos estudantes para discussão nas reuniões pedagógicas semanais e nos conselhos de ciclo. “O que fizemos foi pensar sempre em prol do aluno”, afirma Silvana. “O envolvimento da equipe diretiva permitiu que os resultados fossem efetivos”, observa Cláudia.

Gestoras Nota 10


Com os números animadores, Silvana Tamassia inscreveu o Lendo e Aprendendo no Prêmio Victor Civita – Educador Nota 10 e a Cata Preta foi a vencedora na categoria Escola, em 2007. O dinheiro da premiação se transformou numa nova biblioteca e duas professoras foram encarregadas da organização do espaço. Uma delas chegou a desenvolver um sistema eletrônico de cadastro e empréstimo de exemplares, o que facilitou o trabalho de todos.
Segundo Ana Amélia Inoue, selecionadora do Prêmio Victor Civita, o trabalho afinado entre direção e coordenação pedagógica foi fundamental para que o projeto funcionasse. “As gestoras detectaram que os alunos não sabiam ler e definiram o caminho, o que é exatamente o papel da equipe diretiva. Os planejamentos de aula deixaram de ser burocráticos e o envolvimento da comunidade escolar diminuiu a resistência ao programa”, afirma. Em 2008, os esforços foram recompensados: os alunos de 7 e 8 anos da Carolina Maria de Jesus dominavam leitura e escrita. O Ideb de 2007, divulgado no fim do ano passado, chegou a 4,9 – índice superior aos 4,3, que, segundo o projetado, a escola deveria atingir em 2009.
Este ano, o comando da Carolina Maria de Jesus mudou de mãos, mas a nova equipe rebatizou o projeto: Biblioteca Viva. Elizete Cristina Carnelós Buzeto, a atual diretora, conta que uma das propostas para 2009 é ampliar o acervo com livros sem texto para a Educação Infantil, infanto-juvenis para o segundo ciclo do Ensino Fundamental e crônicas e cordel para a Educação de Jovens e Adultos. Já foram organizados horários semanais em que os professores acompanham os alunos à biblioteca para que eles escolham os títulos que desejam levar para casa e no momento cultural destinado aos funcionários estão previstas leituras de gêneros diversos. “Em parceria com contadores profissionais, fazemos contação de história para alunos e funcionários e queremos estender essa atividade também para os pais”, diz Elizete.

Fonte: Revista Escola

Delia Lerner fala sobre a leitura e a escrita em contexto de estudo

O X da questão: incentivar a leitura é fundamental

Num país castigado pelo analfabetismo, projetos de incentivo à leitura são muito mais que bem-vindos: são fundamentais

Fred Linardi novaescola@atleitor.com.br, colaborou Eduardo Lima

Correr os olhos pelos livros dispostos numa prateleira, escolher um deles e dirigir-se à poltrona mais próxima, seja na biblioteca, na livraria ou na sala de casa. Melhor ainda: deixar-se escolher por uma obra literária. À medida que as páginas são viradas, o leitor se vê transportado para uma espécie de realidade paralela - um mundointeiramente novo, repleto de descobertas, encantamento e diversão. Pouco importa se quem lê é criança, jovem ou adulto. Menos ainda se o que está sendo lido é poesia, romance ou um livro de auto-ajuda. O que realmente interessa é a cumplicidade entre o leitor e a obra, alicerçada no prazer que só a leitura é capaz de proporcionar.
Ler por prazer é o X da questão. Há quem leia, por exemplo, apenas para se informar, dedicando regulamente algumas horas de seu precioso tempo a jornais e revistas - como você, caro leitor, está fazendo neste exato momento. Trata-se de um hábito mais que saudável, a ser preservado e disseminado, e de suma importância na chamada "sociedade da informação" em que vivemos. Mas ele não necessariamente irá transformar você num apaixonado pela palavra escrita. Da mesma forma, a leitura para estudar, parte da rotina nas salas de aula, tem suas funções pedagógicas, mas não faz despertar a paixão pela literatura. Quem descobre prazer numa obra literária nunca mais pára de ler. Quando chega ao fim de um livro, já está louco para abrir o próximo. E só tem a ganhar com isso.

O papel da escola é fundamental nesse processo. E quem melhor que o professor para despertar em seus alunos o prazer da leitura? São muitas as atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula com esse objetivo. "Promover um debate, por exemplo, para discutir cenas ou situações presentes num livro que acaba de ser lido pela turma é uma prática importante e muitas vezes esquecida", afirma a educadora Maria José Nóbrega. O problema é que o profissional de educação nem sempre conta com os recursos necessários para concretizar essas atividades, ou simplesmente não sabe como implementá-las.

Quando a escola não cumpre esse papel, ganham relevância os inúmeros projetos de fomento à leitura espalhados pelo Brasil, tema desta edição especial de NOVA ESCOLA. Num país que ainda sofre com deficiências no ensino público e com o alto índice de analfabetos funcionais (aqueles que, embora tenham aprendido a decodificar a escrita, não desenvolveram a habilidade de interpretação de texto), qualquer iniciativa que vise a transformar brasileiros em leitores é extremamente bem-vinda.

Por que lemos tão pouco?

Segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL), cada brasileiro lê pouco mais de dois livros por ano. Na Inglaterra, estima-se que a média seja de 4,9; nos Estados Unidos, é de 5,1. Outro dado preocupante: por aqui, o tempo médio dedicado à leitura não passa de 5,5 horas por semana, enquanto na Índia - um país em desenvolvimento cuja situação econômica é semelhante à do Brasil - a média é quase o dobro, de dez horas semanais. Por que lemos tão pouco? Há várias respostas, a começar pelo desconcertante grau de analfabetismo funcional.

O último Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado no início de 2008 pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa, revela que apenas 28% dos brasileiros com idade entre 15 e 64 anos têm domínio pleno da leitura e da escrita - ou seja, conseguem ler textos longos, localizar e relacionar mais de uma informação, comparar dados e identificar fontes. Entre os 72% restantes, as habilidades de leitura e escrita são rudimentares ou básicas, limitando-se à compreensão de títulos, frases e textos curtos.
Outro fator que ajuda a explicar os índices precários de leitura no Brasil: até o final de 2007, 380 municípios de todo o país - cerca de 7% do total - simplesmente não contavam com uma biblioteca pública sequer. A situação já foi bem pior: em 2003, eram 1 173 as cidades sem esse serviço. No entanto, construir bibliotecas Brasil afora e enchê-las de livros não significa resolver o problema. É preciso preparálas para atingir seus objetivos, entre os quais destaca-se o de incentivar a leitura entre crianças, jovens e adultos. "Nos últimos 15 anos, passamos a encontrar livros em maior quantidade nas bibliotecas", afirma Elizabeth Serra, secretária-geral da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). "O problema é que, no Brasil, a rede de bibliotecas públicas é muito frágil. O sistema não foi informatizado, não há espaços planejados para os pequenos, os livros são antigos e não há renovação anual do acervo."

Nó que ninguém desata
Se o cidadão mora numa cidade em que não há biblioteca pública, ou se a existente não conta com um acervo que satisfaça suas necessidades, uma alternativa é ir até a livraria mais próxima e comprar o livro que ele tanto quer ler. Aqui, no entanto, esbarramos em dois outros problemas, que também explicam a dificuldade que o Brasil enfrenta para formar novos leitores.

De acordo com diagnóstico do setor livreiro, divulgado pela Associação Nacional de Livrarias (ANL) no fim de 2007, o país conta com apenas 2 676 estabelecimentos dedicados à venda de livros. É pouco: uma livraria para cada grupo de aproximadamente 70,5 mil habitantes. Na vizinha Argentina, a relação é de uma para 50 mil pessoas. Para piorar, as livrarias estão concentradas nas regiões mais desenvolvidas, justamente aquelas que também são atendidas por um número maior de bibliotecas públicas. Mais de 50% das livrarias ficam na região Sudeste, sobretudo nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro - juntos, eles reúnem 1 371 estabelecimentos. Em contrapartida, a ANL identificou apenas 524 livrarias em toda a região Nordeste (20% do total nacional), 132 na região Norte (5%) e 118 na região Centro-Oeste (4%). Roraima é o estado brasileiro com o menor número de estabelecimentos dedicados à venda de livros: apenas quatro, ou o equivalente a uma livraria para 164 mil habitantes. O quadro é ainda pior em Tocantins, onde a média é de 181 mil habitantes por estabelecimento.

Ter uma livraria na esquina de casa, porém, não quer dizer muita coisa, já que livros sempre foram artigos de luxo para a maioria da população brasileira. O preço médio do exemplar varia entre 25 e 30 reais - ou seja, até 7% de um salário mínimo. Por falta de leitores, quase todos os títulos editados no Brasil têm baixa tiragem, o que empurra o preço do exemplar para cima. Se o livro é caro, as vendas não aumentam; se as vendas não aumentam, o preço continua elevado. E o resultado é um nó que, até agora, ninguém descobriu como desatar.
"No Brasil, a rede de bibliotecas públicas é frágil. Os livros são muito antigos e o sistema ainda não foi informatizado"

Despertar para a leitura

Felizmente, nem tudo são trevas quando o assunto é o despertar da leitura no Brasil. Nos últimos anos, algumas ações capitaneadas pelo poder público, pela iniciativa privada e por entidades do terceiro setor - ONGs, institutos ou associações sem fins lucrativos - vêm ajudando a reverter essa situação. Entre elas, o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), um conjunto de projetos, programas, atividades e eventos implementado pelo governo federal, com a participação da sociedade civil, que tem como objetivo levar a leitura para o dia-a-dia do brasileiro. Também contribuem as badaladas feiras literárias espalhadas pelo Brasil, como a Flip (Festa Literária Internacional de Parati, no Rio de Janeiro), o Literato (Encontro Literário do Tocantins) e a Feira do Livro de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Elas atraem milhares de visitantes todos os anos e mobilizam a mídia em torno da importância do livro.

Para Marisa Lajolo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, cada uma dessas iniciativas é extremamente importante. Contudo, é fundamental que as políticas de incentivo à leitura se descolem da mera organização de feiras ou da criação de bibliotecas e salas de leitura. O mais urgente, segundo ela, é investir em material humano, com a formação de mediadores de leitura, professores e bibliotecários capazes de semear o prazer da leitura por todo o país. "Mediadores são os instrumentos mais eficientes para fazer da leitura uma prática social mais difundida e aproveitada."

À frente de uma verdadeira revolução silenciosa, que raramente vira notícia, projetos de incentivo à leitura como os que você conhecerá nas próximas páginas formam e multiplicam mediadores de leitura em todo o Brasil, muitas vezes atuando em regiões carentes e em localidades de difícil acesso. E mais: criam bibliotecas comunitárias, facilitam o acesso aos livros, promovem encontros com escritores... Enfim, transformam milhares de crianças, jovens e adultos em leitores - sempre com muito prazer.

Fonte: Revista Escola